Publicado: Terça-feira, 3 de julho de 2007
Bom dia!
Hoje de manhã, enquanto corria na academia, pude assistir dois exemplos humanos que me animaram para começar o dia. Confesso que raramente isso acontece no meu despertar. Normalmente, e infelizmente, a mídia brasileira ainda prefere difundir as tragédias, barbaridades e violência, no lugar dos inúmeros exemplos de ações “do bem”. Dá mais audiência, dizem por aí. Eu sempre discordei. Como jornalista, como mãe e como ser humano, tenho a clara consciência de que assim como a comida, as impressões são também alimentos. A cada momento que nos alimentamos de impressões negativas, geramos negatividade dentro de nós e ao redor de nós. Lixo gera lixo. Violência gera violência. Isso não é uma lenda, é real.
Como sou uma otimista por natureza, sigo acreditando que isso está mudando, apesar de lentamente. Sinto claramente que em um futuro talvez não tão próximo, as pessoas não vão mais aceitar se alimentar de lixo, como ocorre hoje em dia.
Mas, voltando ao que vi, faço questão de trazer à tona esses exemplos, que foram apresentados no programa “Mais Você”, de Ana Maria Braga. Quem não viu, pode ler através desse artigo e do meu olhar. E quem viu, pode partilhar essa experiência, trazendo outros pontos que eu não tenha percebido.
O primeiro exemplo mostrou a história de um homem que há 17 anos trabalha voluntariamente com uma ambulância, socorrendo emergências em sua cidade. Imagine alguém levantando todos os dias, ou nem dormindo, dedicando suas horas a socorrer pessoas em estado de extrema urgência. Seu celular fica ligado 24 horas por dia, como o de um famoso médico. Sua ambulância foi adquirida em leilão. Amigos ajudam na manutenção, que não é barata. E quando ele fala de seu trabalho, se emociona. Uma lista grande de pessoas foram salvas por ele. Outros, apesar do seu empenho, não conseguiram sobreviver.
Tudo começou quando sua filha de um ano teve um problema sério de saúde e teve que ser socorrida prontamente. Hoje ela tem mais de 18 anos e virou enfermeira, inspirada pelo exemplo do pai. “A pior coisa que tem é a gente precisar de ajuda. A melhor coisa que tem é a gente poder ajudar”, disse o senhor à reportagem. Ele transformou sua vida em uma obra de arte, ajudando diariamente as pessoas que precisam. Eu me emocionei ao ver esse homem falar, com humildade e genuína generosidade. Sempre que vejo exemplos como esse, reafirmo dentro de mim a crença de que uma única pessoa é capaz de fazer uma enorme diferença nesse vasto mundo.
O segundo exemplo mostrou a mobilização de uma comunidade para salvar uma cadelinha com seus filhotes. Imagine que ela escolheu um bueiro tão escondido para parir, que depois não conseguia mais sair. Quantos de nós, adultos, por excesso de proteção e cuidado acabamos por sufocar nossos filhotes, não? Pois o mesmo ocorreu com essa cadelinha de rua, que por sorte ganhou a ajuda da vizinhança. Foram 3 dias de mobilização dos moradores, com ajuda da polícia e a participação mais do que especial de um garoto que se prontificou a entrar dentro de um cano com muitos metros de comprimento, local onde os filhotes nasceram. Ele era o único que cabia, pois os adultos não conseguiam entrar nesse buraco. No primeiro dia, resgatou-se a mãe e os filhotes. Mas ela não sossegou. Inquieta, mostrva que tudo não estava resolvido ainda. No dia seguinte, o garoto entrou novamente e descobriu que mais um cachorrinho estava escondido. E mais: no terceiro dia, outro filhote foi resgatado. Pude ver as imagens do menino engatinhando pelo túnel comprido, trazendo o filhotinho assustado.
Ridículo, alguns podem pensar. Tantos problemas no mundo e ficam mostrando o problema de um cachorro! Imagino que muitos pensaram assim. Mas eu, internamente, agradeci ao programa por ter me dado um bom dia dessa qualidade. Afinal, quem acha que os animais e as plantas não merecem toda a atenção desse mundo, ainda não entrou em contato com sua verdadeira natureza. Todas as formas de vida são manifestações da beleza do universo. Respeitá-las e admirá-las é também honrar a nossa própria beleza.
Comecei o meu dia acreditando no ser humano, trazendo em minha cesta mais exemplos de humanidade. O ódio, a violência, a miséria e toda a dor que existe no mundo e que me deixa muitas vezes desamparada e impotente, não me alimentaram esta manhã. Porque saber de toda a tragédia que insistentemente é veiculada na mídia não torna o mundo melhor. Pelo contrário, só nos arranca a esperança. E viver sem esperança é como não ter o sol todas as manhãs.
Podemos escolher de quem e do quê queremos ser cúmplices. Podemos escolher o que queremos propagar, quais conversas queremos difundir, quais assuntos queremos saber. Podemos escolher quais serão os alimentos do nosso corpo e da nossa alma.
Eu agradeço às pessoas que ainda acreditam que é possível construir um mundo melhor. Procuro me cercar delas, ler, ouvir exemplos, seja onde for, formando uma grande corrente. Não importa onde, nem como, cada um tem a sua contribuição a dar. Basta acreditar e fazer a sua pequena parte. É assim que o mundo poderá mudar: quando todos percebermos que ninguém é melhor do que ninguém, simplesmente abrindo o coração para deixar brotar o que temos de melhor. Precisamos aprender a unir em vez de separar; acolher em vez de acusar; acreditar em vez de reclamar. E fazer de nossa própria vida um exemplo de alegria e humanidade.
Ser exemplo e propagar exemplos é uma forma eficaz de iluminar o nosso viver e efetivamente transformar o mundo. Bom dia!
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