Publicado: Segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Bondade!
“A bondade consiste em amar as pessoas mais do que elas merecem.” (Joseph Joubert)
“A bondade é uma linguagem que o surdo consegue ouvir e o cego consegue ler." (Mark Twain)
Mais do que nós, Deus deseja acabar com a maldade no mundo, mas sobretudo deseja a conversão dos que a praticam.
É preciso lembrar sempre que a vida é algo grande, eterno e que não somos da Terra, mas aqui estamos passando algum tempo. Certamente, ao final dessa nossa peregrinação rumo à glória dos céus, será inevitável olharmos para trás, prestar contas do que fomos e do que fizemos de bem. Jesus Cristo passou pela Terra fazendo o bem. E nós, o que estamos fazendo? Será que a nossa vida segue esse mesmo caminho, está sendo útil? Deixamos rastros de amor, de bondade, de ajuda, de felicidade por onde passamos?
Como cristãos, deveríamos não ter limites na prática da caridade, da compaixão, da bondade com nossos irmãos, mas infelizmente isso não se verifica; somos apegados demais a nós mesmos para pensarmos nos outros...
Bondade é a capacidade de fazer o bem; se somos bons, somos bons para os outros e não para nós mesmos. A Bondade vem de Deus: só precisamos amadurecê-la em nós e praticá-la; ela depende, portanto, de lucidez e de esforço, podendo tanto se tornar um hábito de vida ou desaparecer por falta de ação. Precisamos nos aproximar dos outros, lembrando que temos “o próximo” que desejamos.
Segundo Dalai Lama, a motivação da nossa vida é a felicidade. “Quando você mantém um sentimento de compaixão, bondade e amor, algo abre automaticamente sua porta interna. Com isso, você pode se comunicar mais facilmente com as outras pessoas. E esse sentimento de calor cria uma espécie de abertura.”
Sobre a dificuldade do homem em fazer o bem, ele escreve: “A meu ver, criamos uma sociedade em que as pessoas acham cada vez mais difícil demonstrar um mínimo de afeto aos outros. Em vez da noção de comunidade e da sensação de fazer parte de um grupo, encontramos um alto grau de solidão e perda de laços afetivos. O que gera essa situação é a retórica contemporânea de crescimento e desenvolvimento econômico, que reforça intensamente a tendência das pessoas para a competitividade e a inveja.”
Nessa sociedade cada dia mais desumana, parece desaparecer a bondade, e o homem se torna impiedoso, duro, brutal, frio e vingativo ou pelo menos indiferente.
Segundo Dom Luiz Demétrio Valentini – bispo de Jales/SP, “somos bons na medida que deixamos espaço para Deus, e fazemos dos bens que estão ao nosso alcance um gesto de bondade que nos assemelha à pura bondade que Deus teve em nos criar. Se assim todos fizessem, haveria plena sintonia com Deus, e acabariam as guerras, que sempre são feitas para disputar a posse dos bens terrenos”.
Surge aqui uma inevitável pergunta: será que um dia o homem foi totalmente bom? Sempre houve o bem, mas e o mal? A verdade é que Deus não criou o mal; logo, no início da criação o homem era só bondade. Por sua liberdade e envolvido pelo pecado do orgulho, fez entrar no mundo o mal. Portanto, a responsabilidade cabe exclusivamente ao homem e contraria fortemente a vontade de Deus.
No entanto, resta sempre a possibilidade da conversão.
“O bom não é ser importante; o importante é ser bom!” (Autor desconhecido). Não há dúvida, “o resultado de nossas vidas depende de nossas escolhas, e recebemos de Deus a capacidade para escolhermos entre o bem ou o mal, o bom ou o 'menos bom', entre a vontade de Deus ou a nossa”. (Padre Reginaldo Carreira – Rev. Família Cristã - agosto/06)
Temos que buscar a verdadeira bondade, não nos deixando levar por uma bondade fictícia, uma aparência de bondade. Há muitas pessoas de bom coração, bom temperamento, bons sentimentos; mas são fracas, sem firmeza de caráter; cedem para agradar, concordam e convivem com tudo, não incomodam para não ser incomodadas; são assim, por exemplo, os pais “bonzinhos” que fazem toda vontade dos filhos. Pouco ou nada ajudam no crescimento dos outros.
Podemos tomar a bondade como uma disposição permanente em não fazer o mal, não ser prejudicial, mas isto não basta, precisamos ir além, isto é, fazer efetivamente o bem.
A bondade é forte, determinada, objetiva, não tem medo...
O bondoso não procura vantagens e não se importa se sofre pela felicidade do outro; abraça com firmeza a honestidade e a moralidade; lamentavelmente, numa sociedade que premia o “esperto”, é freqüentemente confundido com bobo.
Vemos no bondoso uma grandeza de alma, uma humildade de coração; demonstra energia, firmeza, mas tem paciência; mantém uma luta constante contra o egoísmo e não é comodista.
O verdadeiro bem é duradouro e eficaz. O bondoso consegue atingir a Deus, ou seja o estado de graça santificante. Por saber que o bem maior é Deus, procura aproximar as pessoas de Deus, ajudando-as na busca da Salvação.
O bondoso é amigo do diálogo, da alegria, consegue esquecer-se de si; é animado e anima os outros.
Numa de suas pregações, o Papa João Paulo I, diante da pergunta “Que fazer para melhorar a sociedade?”, respondeu: “Procure cada um de nós ser bom e contagiar os outros com uma bondade toda penetrada pela mansidão e pelo amor ensinado por Cristo”.
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