Bonito por natureza
Naquela crônica de 11 de janeiro (É BOM), sobre rápida passagem pelo Rio de Janeiro, aventou-se a possibilidade de se aduzir outras percepções da vida da cidade e de sua gente. Acontece agora, pois.
“Entrar no universo do outro, com respeito e interesse, nos faz crescer como cidadãos – cultural e socialmente”. É o que apregoa o SESC SP.
Por sinal que o Hotel do SESC, no Rio, não fica nada a dever a qualquer outro similar, digamos, de três estrelas – parâmetro que nem se usa mais – com preço porém bem mais em conta, apesar de ser um pouco mais despojado por centrar-se numa linha de boa praticidade. Requer entanto reserva com muita antecedência. Localização privilegiada, no centro de Copacabana (Rua Domingos Ferreira).
Ponto alto das visitas foi conhecer três belas igrejas.
Paróquia de Nossa Senhora de Copacabana. Matriz imponente, de grandes dimensões, mas mesmo assim algo escondida na pequena praça Serzedelo Correia, quase Leme. Missa em dias úteis, de hora em hora: das 7 às 12 e depois às 18 e 19. Aos domingos: 7, 8h30, 10, 12, 16, 17h30, 19 e 21. Como em Itu, não vai à missa quem não quer. A nave central, ampla e confortável, tem, curiosamente, uma grande capela de cada lado, a do lado direito titulada de Capela do Santíssimo e a do lado esquerdo, com elevada freqüência, dedicada à Adoração Permanente do Santíssimo Sacramento.
Noutro extremo de Copacabana, mais propriamente já no Arpoador, na rua Francisco Otaviano (a derradeira e mais curta ligação de Copacabana a Ipanema), a belíssima Igreja da Ressurreição. De concepção moderna, já na ampla escadaria que a coloca bem acima do nível da rua, nos vários degraus vêem-se as imagens em tamanho natural de um grupo de simpáticos coroinhas. No domingo de manhã, o celebrante comemorava 36 anos de ordenação, com particular razão portanto de se mostrar de uma vibração contagiante. Muito especial destaque para a maviosa animação de músicos exímios, apenas dois, os quais foi possível contatar à saída. O Guto, jovem, ao órgão; Ana Maria, simpática senhora, que, no dizer dela mesma, é violinista de Maria
Por se tratar de atração destacada no Guia 4 Rodas, cuidou-se de ir até o Largo da Carioca, de cujos baixios se avista, muito no alto, o Convento de Santo Antonio. Existe a opção de acesso pelo elevador, mas interessante testar a performance com enfrentar os sete lances de cansativa escadaria. Plena segunda-feira, e também ali, um celebrante entusiasmado. E é justamente contígua a esplendorosa Igreja de São Francisco da Penitência, inteiramente decorada em ouro. Tem-se que foram ali aplicados mais de 400 quilos do metal precioso. Nos altares laterais, alguns santos, de nomes pouco conhecidos. São Gualter, por exemplo. São Lúcio e Santa Bona, citados ali como os “Bem Casados”, por terem se santificado mutuamente na vida conjugal.
É deveras importante mencionar a praticidade, claro, mas também a formidável obra de arrojada engenharia na implantação do serviço de metrô do Rio de Janeiro. Estações amplas, trens vistosos, boa acomodação. A Estação Arcoverde merece uma citação destacada. Dispõe até de esteira de nível. Não foi vista desta vez a Estação de Cantagalo, considerada também de ainda maior beleza arquitetônica.
A crônica de dia 18 e a de hoje, 25, neste janeiro de 2008, tentam mostrar que o Rio continua lindo e em nome dessa maravilha, - as obras feitas pelo homem e as dádivas tantas presenteadas pela exuberante natureza – que se haveria de ao menos minimizar o penoso contratempo da violência exacerbada.