Bons autores
Não faz tempo, final do ano passado ou começo deste, o conhecido escritor e jornalista Rubem Alves, disse encerrar suas atividades, através daquela crônica que os leitores tinham em mãos (Cotidiano, da Folha). Alegou-se a si a idade avançada para continuar a ter essa obrigação de escrever.
Deixou porém nesse mesmo artigo uma longa consideração de ideias próprias. Entre outros, a sua decepção de sempre ter ido às prateleiras da Livraria La Selva nos aeroportos e nunca ter visto ali alguma obra de sua autoria. Também desencantado, porque nunca participou de alguma lista dos mais vendidos. Sua prosa continuou a ponto de quase não se saber se ele falava seriamente.
A ser verdade, uma pena enorme para quem alguma vez leu ou mesmo compulsou um de seus livros. Em alguns cursos de treinamento do Banco do Brasil, eram distribuídos trabalhos dele trazidos em formato de livretos de mão.
Ele, contudo, declarou que mente aquele autor ou jornalista que queira se dizer indiferente ou não aprecie se lhe contem que leem seus escritos. Aí, a essa altura, eu assino em baixo, perdoem leitores a imodéstia. Mas é um fato. A mera citação e, tantas vezes, comentário mesmo sobre uma ou algumas crônicas, concorrem para que o jornalista se sinta desvanecido. Afinal de contas, quando alguém escreve, é na intenção declarada de que seja lido. Um verdadeiro estímulo.
É por isso que, com todo respeito, dou um alô aos amigos Dr. René, Dr. Barsalini, Gatti e assim por diante, um elenco razoável que assegura começar a leitura do jornal Ä Federação” pela parte final, o espaço justamente denominado Última Página.
A coluna sofreu, certa época, um relativo período de mudança, ao migrar sem chamada nenhuma, para páginas internas e indefinidas. Nesse tempo então ficou comum que amigos que me encontravam perguntavam por que tinha deixado de escrever. Aí só tinha que responder que dessem uma busca e me encontrariam em algum canto.
Ainda com respeito ao professor Rubem Alves, tiveram os ituanos, muitos – salão lotado – de conhecê-lo em conferência no Colégio Monteiro Lobato. Mesmo pessoalmente, fica comprovado que o ilustre mestre tem suas tiradas, de modo a por isso também despertar curiosidade. Agora, percebe-se, ao ligar sua postura naquela noite com o teor da sua dita crônica de despedida, que até certo ponto daria para dizer sim que estava algo cansado. Mesmo assim valeu ouvi-lo.
A propósito – e por falar em autores – talvez alguém que não saiba tenha tempo de nesta sexta feira à noite, 27 – o jornal quase sempre circula já na tarde de quinta - participar do lançamento de livro deveras interessante, às 20 horas, no auditório do Sincomercio. Trata-se do Dr. Nelson Jacintho, médico e escritor. Título da obra: Postura é Fundamental. Num primeiro momento tem-se a ideia de que poderia se tratar de livro técnico. De certo modo o é, vazado contudo em estilo leve e voltado a qualquer tipo de público. Interessante frisar que o Dr. Nelson Jacintho escreveu nove livros, entre prosa e poesia. Será apresentado pela Academia Ituana de Letras. Oportunidade de se ouvir e muito aprender, da palestra dele, que precede o lançamento.
De especial destaque, aliás, em Itu, ocorrido dia 18, outro lançamento: “Baile na casa da Gramática”, obra engenhosa do autor, Lázaro Piunti, para aprendizado e deleite do público infantil. Texto adequado e com ilustração maravilhosa do competente Beto Nascimento. O produto da venda é revertido totalmente a instituições de acolhimento à infância.
Mesmo fora do âmbito de campeões de venda na literatura, pululam bons autores por toda parte, mesmo que pouco conhecidos. Há muita gente boa a escrever por aí.
Com tudo isso, seja em livros ou na mídia qualquer, vale reafirmar e com muita ênfase, que “o primeiro sinal de cidadania é o apreço de um povo pelo seu idioma”.