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Publicado: Domingo, 1 de janeiro de 2012

Breves reflexões sobre o começo e o fim de ano

Nós, seguidores do Cristianismo, religião implantada no Brasil desde sua descoberta, conhecemos bem o significado das comemorações do Natal. Todavia, espíritos inovadores, sempre dispostos a modificar tudo, sobre o pretexto de “modernização e atualização” querem alterar o imutável, cometendo absurdos teológicos fora de propósito.

Exemplifico, seja com publicações jornalísticas dos últimos dias ou correspondência recebida, verdadeiramente chocantes : li que Jesus tinha consciência de ser um profeta .  Jesus, o próprio Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, rebaixa-O, esse articulista, para a ínfima condição de profeta e afirma a seguir, que Jesus foi reconhecido como plenamente Deus e plenamente homem somente após o concílio de Calcedonia no ano de 453, significando isso que Jesus, em sua integridade de Deus e Homem, só começou a existir a partir do ano de 453!

Há pouco, no mesmo matutino, também li que Jesus veio para humanizar a Humanidade não especificando que veio para salvá-la o que é de conhecimento cediço de qualquer cristão, textualizado claramente no Catecismo da Igreja católica em seus cânones 456/457, pgs.128/129 (Edições Loyola), ipsis litteris O Verbo se fez homem para nos salvar.

Após o contato com esses “dissabores espirituais” acho melhor transcrever crônica que escrevi há alguns anos, sobre o tema em epígrafe, que se situa, data vênia, dentro da legítima ortodoxia cristã e católica:

“Dos mais agitados o mês de dezembro até o Natal. Depois, a turma cansada com a correria, as festividades e a comilança, se acomoda, cai em frustração e desânimo e só pensa em descansar. Disse frustração e desânimo porque a apelação da mídia para o consumo é intensa, fora da possibilidade da imensa maioria que vive com modesta renda.

Enquanto não partirmos decididamente para uma economia espiritual, em outras palavras, enquanto não alcançarmos o verdadeiro sentido das palavras evangélicas, Natal e fim de ano continuarão com o mesmo retrospecto, cheio de fantasias, ilusões, decepções.Passamos a aguardar o começo do ano e aí aparece outra ou semelhante reviravolta. É evidente, de qualquer forma, que o Natal evocando o nascimento de Jesus – que é o filho de Deus humanado – mexe com nosso mundo interior.

O ano todo corre-se daqui para lá, de lá para cá, na esperança de se encontrar a felicidade configurada normalmente no dinheiro, se não abundante, que permita ao menos vida mais tranqüila, sem sobressaltos. O nascimento de Jesus num presépio nos impõe salutar e consolador pensamento, qual seja, que pobreza e humildade são coisas nobres.

A própria Divindade  aceitando-as, deixa-nos seguros que não devemos nos preocupar tanto com dinheiro, sim em sermos pobres honrados e cultores da humildade. Neste momento, aliás, passo a transcrever maravilhoso trecho de Plínio Salgado (A vida de Jesus, pg.613), esclarecendo o verdadeiro conceito de pobreza: “havia em Jericó muitos pobres com alma de rico.

Zaqueu era rico só por fora e gloriosamente pobre por dentro. O gesto do mendigo que rejeitava a oferta de Zaqueu, era um orgulho de rico; a atitude de Zaqueu, curvando a cabeça à vaidade do mendigo, era uma humildade de pobre. Não se é rico apenas pelo fato de ser dono de uma riqueza; pode-se ser hediondamente rico sem ter um vintém.

E também não se é pobre somente pela circunstância de nada possuir; é possível nadar no ouro e ter a perfeição do verdadeiro pobre. A pobreza do rico Zaqueu. Existe uma caridade que se chama “dar”, mas existe uma caridade mais bela ainda, que se chama “aceitar”. Em breve nos encontraremos no Novo Ano.

Esperamos que a efeméride do Natal, que se repete todos os anos nos tenha deixado mais otimistas, não pela insatisfatória constatação das misérias do mundo, sim pela nossa esperança naTrindade Santíssima que, criando-nos à sua imagem e semelhança, ainda nos concedeu Jesus como salvador. Enchamo-nos de coragem e procuremos, na medida das nossas forças, aperfeiçoarmo-nos, atendendo incondicionalmente o chamamento divino.”

Feliz Ano Novo aos prezados amigos e distintos leitores.

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