Publicado: Domingo, 17 de agosto de 2008
Caiu do Cavalo: E deu no que deu!
Com o intuito de honrar a memória de São Paulo Apóstolo, o Santo Padre convocou toda a Igreja a celebrar o Ano Paulino, entre 29 de junho deste ano e 29 de junho de 2009. Nada mais justo à contribuição mais do que magnífica do chamado “Apóstolo dos Gentios”. Assim sendo, a fim de atender ao chamado de Bento XVI, é necessário que cada um de nós busque conhecer mais a respeito desse grande discípulo de Jesus, sua vida e suas obras.
Seu nome original era Saulo, uma variação grega de Saul, que por sua vez signifca “o solicitado”. Nasceu provavelmente no ano 3 d.C, na região da Cilícia, atual Turquia. Sua família estava entre o grande número de judeus que viviam a “diáspora”, ou seja, a dispersão judaica por várias partes do mundo, sobretudo na Pérsia, no Mediterrâneo, no norte da África, na Turquia e na Grécia, além de outras partes do Império Romano.
Como seu pai adquiriu a cidadania romana sem abrir mão da fé judaica, Saulo foi educado conforme a tradição, freqüentando a escola do fariseu Gamaliel em Jerusalém e tornando-se rabino. Junto com a educação voltada para a religião, Saulo foi criado para ser um cosmopolita. Freqüentou uma escola grega e tinha esta língua como natural. Naquele tempo de domínio romano, era este o ar que pairava sobre um mundo enorme a ser descoberto.
Nos primeiros anos após a morte, ressurreição e ascensão de Cristo, Saulo vivia em Jerusalém. Era jovem e ferrenho opositor dos cristãos, que enxergava como uma “seita” separatista do judaísmo. Saulo perseguia os cristãos e os apresentava à morte. Chegou mesmo a participar do apredrejamento de Estevão, um dos primeiros mártires da Igreja então nascente. O jovem Saulo não sabia, mas o Cristo que tanto perseguia tinha outros planos para ele.
Mostrando-se um forte opositor dos cristãos, Saulo foi enviado em missão à famosa cidade de Damasco, a fim de caçar os seguidores de Jesus. Muitos de nós vivemos experiências místicas quando nos aproximarmos de Jesus e nos abrimos à ação do Espírito Santo. Mesmo sem saber disso e até contra sua vontade até então, Saulo vivenciou uma situação inesperada.
Já perto de Damasco, viu uma luz no céu que o cegou. O cavalo no qual estava montado assustou, derrubando-o. Uma voz, rompendo qual trovão, perguntou-lhe: “Saulo, Saulo... Por quê me persegues?”. Era o próprio Jesus apresentando-se a seu perseguidor. Mais detalhes podem ser obtidos ao estudar esta passagem na Sagrada Escritura, mas o essencial é saber que Saulo ficou três dias completamente cego e enxergando apenas com o coração.
Enfim viu-se forçado, do alto de sua alegada sabedoria intelectual, a curvar-se diante da força inexplicável do Espírito Santo. Dessa experiência, contada através dos séculos, surgiu a expressão “cair do cavalo”, apontando alguém que foi obrigado a ter suas expectativas contrariadas. Assim aconteceu com Saulo, ao cair do cavalo em Damasco: acabou por fazer o contrário do que imaginava, pois se tornou um dos discípulos daquele a quem tanto perseguia.
Tamanha foi a transformação interior, que trocou seu nome para Paulo, que significa “aquele de estatura baixa”. É como se quisesse dizer, a todos que o conheciam, que a partir daquele momento sentia-se muitíssimo inferior ao poder de Deus, indubitavelmente o menor dos servos de Jesus. O sábio fariseu educado conforme fariseus e gregos via-se “rebaixado”, segundo os olhares do mundo, a mais um entre os reles seguidores do filho de um carpinteiro de Nazaré.
Além de suas experiências missionárias, assunto de um próximo artigo, Paulo ajudou a moldar a Igreja nascente através de seus escritos. Dominando o grego e o latim, possuindo também uma boa noção do aramaico falado por Jesus, ele escreveu cartas a várias comunidades cristãs formadas por romanos, coríntios, gálatas, efésios, filipenses, colossenses, tessalonicenses e hebreus.
Interessante pensar como seria o Paulo Apóstolo do século 21. Seria um perseguidor da Igreja Católica, educado conforme a cultura do mundo e provavelmente falando inglês. Percorreria várias partes do mundo viajando de avião, a fim de pregar e perseguir os cristãos. Usaria a televisão, a internet e a mídia em geral para denegrir a fé cristã e seus valores. Mas um dia, no caminho para Nova York ou Londres, cairia de sua moto diante da visão esplendorosa do poder de Cristo. Renunciaria a suas riquezas, status e valores, dedicando-se integralmente a divulgar a fé em Jesus.
Amém.
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