Publicado: Segunda-feira, 23 de junho de 2008
Cantar a beleza da vida!
Nenhuma celebração acontece sem um bom motivo. Sendo assim, qual seria um motivo maior que a própria vida justificando grandes celebrações?
Diferentemente das solenidades profanas, com um cunho destacadamente social, as Missas, muitas vezes não conseguem envolver as pessoas, especialmente os jovens. Acontece que essas pessoas vão para a Igreja pouco motivadas e pouco conscientes de seu verdadeiro valor, de sua finalidade e do seu alcance.
As pessoas que “se decepcionam” com a Missa, esperam desta o que ela não se propõe a realizar. Por isso a Liturgia insiste: é preciso participar da Missa e não simplesmente assisti-la. Participar significa se envolver, se sentir engajado e membro do Mistério celebrado. Mistério de Amor, de Vida. Terá cada vez mais sentido, à medida que unimos nossa vida à de Cristo.
Temos um dia por semana reservado ao Senhor. Para celebrar o quê? A nossa vida, com tudo de bom e de ruim que passamos durante a semana. Tudo ali vai ser para nós: as leituras, os cantos, as orações, a homilia, os olhares, os cumprimentos... Vai realmente ser uma festa familiar, onde não seremos “mais um”, mas um personagem importante.
Por isso precisamos pensar sobre a Missa, procurar entendê-la em toda a sua profundidade, participar ativamente e deixar que nossa alma lá se delicie, que nossa fé seja alimentada e fortalecida. Escutar, responder, rezar, cantar...
Não há oração maior, nem mais completa que a Missa, não há celebração com mais beleza e significado. A beleza da oração se junta à beleza da música. Música que também seja oração – por isso se diz que quem canta reza duas vezes – e, como tal, seja capaz de cantar a beleza da vida. Música afinada com a Palavra de Deus.
Não podemos pensar que a Missa celebra algo apenas histórico, preso a um passado distante, mas sim um acontecimento atual que se renova e nos faz novos. Em cada celebração atualizamos o Mistério de Cristo, renovamos nossa esperança, fortalecemos nossa fé. Fazemos sim, memória da Paixão e Morte de Jesus Cristo, expressão máxima do seu amor por nós, mas nossa fé centra-se na Ressurreição. Por isso a Missa é festa, festa da vida, da sua vitória sobre o pecado e a morte.
Por isso rezamos oferecendo, pedindo, agradecendo e louvando...
Por isso cantamos, em coro com os anjos do céu, com o calor do nosso coração e as vibrações de nossa alma...
Não há dúvida sobre o valor do canto na Liturgia Eucarística. O papa Bento XVI, por ocasião da celebração dos seus 80 anos exaltou a “união da música e a Oração no louvor de Deus e das suas obras”.
Em um artigo escrito na revista Família Cristã (setembro de 2007), Frei Luíz S. Turra coloca muito bem a força da música na liturgia: “A linguagem musical é contagiante, desperta sentimentos, provoca atitudes e ajuda os participantes a convergir numa sintonia vivencial”.
Sem dúvida, a música é uma linguagem universal que, de maneira única, expressa o amor, a liberdade, a bondade e a paz.
Lembra ainda que “a beleza da liturgia pertence ao Mistério Pascal” e “o quanto é significativa a linguagem musical para a beleza da liturgia”.
Segundo ele, “as celebrações litúrgicas nas comunidades onde melhor se trabalha o cuidado musical são as mais procuradas e freqüentadas. Não se trata de cultivar shows populistas, nem peças operísticas, mas, daquele cuidado exigido pela natureza do momento, vivido na sua totalidade. O ministério da música litúrgica, quanto mais for qualificado, bem vivido e exercido com fé, tanto mais contribui para a celebração e a participação viva da comunidade”.
Ressalta, no entanto: “A música litúrgica perde sua beleza caso se torne um fim em si mesma ou para si mesma. O princípio por onde começa a verdadeira beleza da música litúrgica não é tanto o ajuste das vozes ou a harmonia do coro, mas a inspiração de uma visão interior, compartilhada por todos os participantes da ação sagrada”.
Finalmente, sendo o canto e a música parte integrante da liturgia, “tudo – no texto, na melodia, na execução – deve corresponder ao sentido do mistério celebrado, às várias partes do rito e aos diferentes tempos litúrgicos” (Sacramentum Caritatis, 42).
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