Colunistas

Publicado: Quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Carapintadas

No início da carreira profissional, ainda me considerava um deles. Hoje, passados mais de vinte anos, vários me tratam de senhor e alguns até de tio, evidenciando minha mudança de tribo. Tenho convivido com eles, ao ingressarem no colégio - período em que ocorre aquela metamorfose de corpo e alteração no timbre de voz. Ao deixarem o Ensino Médio, o ano é de muita ansiedade e exaustivos estudos, mas a alegria mantém largo espaço. Quando na universidade, encontro alguns outros e, magicamente, o ar de garoto não está mais presente.
Nessas duas décadas aconteceram mudanças: cabelo longo já não é regra geral, existindo agora um amplo espectro de comprimentos e modelos; cuba-libre também não é comum, porém a cerveja continua participando das mesas; os brincos mudaram para as orelhas masculinas e as vestimentas trocaram de colorido. Permanecem as inquietações e as grandes paixões; a essência é a mesma.
Alienação? De forma alguma. Abrindo novas sendas e trilhando diferentes caminhos, buscam as mesmas utopias. Quebram as regras e elegem outras (que serão quebradas pelos filhos deles). Algumas, ou muitas, das nossas questionadas idéias serão mantidas. Banda, para eles, não é aquela que tocava coisas de amor. Ouviram falar do quarteto de Liverpool, também gostam de Yesterday e consideram a lua cheia um belo espetáculo.
Não é preciso um novo impeachment para notá-los; sempre estiveram presentes: bonitos, alegres, questionadores, irreverentes e apaixonados. Continuam caminhando e cantando. Seguem suas próprias canções.

Comentários