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Publicado: Domingo, 4 de fevereiro de 2007

Carência de Virtudes

Carência de Virtudes
Se no mundo predominassem as virtudes, não os vícios, a Humanidade seria felicíssima, talvez a antecipação do paraíso. Ao que parece, a afirmativa contraria é que é a verdadeira. Desta forma, temos de nos conformar com a situação reinante de insatisfações imensas e da pequena quantidade de pessoas que podem ser consideradas felizes, plenamente felizes. Eufemicamente e numa hipocrisia tolerada, quase todos afirmam que se sentem bem e nada tem a reclamar. Quer-nos parecer, ainda, que a verdade se encontra na negativa dessa afirmação.
 
Praticar a virtude não é fácil, dado à nossa congênita vinculação ao pecado original. O vício, oposto à virtude, pelo contrário, se encontra em abundância e, nos tempos atuais, com a comunicação eletrônica, é propagado extraordinariamente. Como o vício conduz à novos pecados e ao crime, está explicado porque no mundo, abunda a maldade e o ódio, ao invés da bondade e do amor. Aliás, aquele velho adágio “ as palavras convencem os exemplos arrastam”, pode ser relembrado neste momento.
 
Quais são os exemplos que a televisão divulga e propaga em determinados programas, ditos informativos e esclarecedores, como Cidade Alerta, Brasil Urgente, Linha Direta etc.? É aconselhável e bom divulgar que o filho matou os pais, pelo fato dos mesmos terem cortado sua boneca inflável, usada para fins libidinosos? 
 
É edificante, deve ser louvada essa atitude “estupenda” do novo governo, que pretende distribuir nas escolas preservativos para os estudantes adolescentes, no sentido de se evitar a aids e a gravidez precoce? E qual a vantagem ou o interesse em se saber que um infeliz assassinou duas companheiras e um rapaz enciumado matou a antiga namorada e suicidou-se em pleno shopping?
 
Realmente, estamos navegando num mar de lama. Ao invés de se procurar por todas as formas edificar, dar bons exemplos e propagá-los, o contrário está acontecendo. E pretendem acabar com a violência! Na verdade, podem observar, ela vai se aproximando cada vez mais e, como o núcleo social não sabe como solucionar efetivamente o contundente problema, cada um por si deve tomar as próprias cautelas, fáceis para os que sobrevivem com a fé e contam com o recurso da oração.
 
Pretender insistir na elocução de pensamentos sobre a virtude, quando predominam as multiformes variações do vício, parece-me, portanto, de extrema inutilidade. Por isso, tenho afirmado, em escritos anteriores que, antes de serem ministrados os saudáveis ensinamentos educativos, em todos os sentidos, há necessidade de serem eliminados os focos de infecção.
   
Ou seja, substituindo todas as metáforas por autênticas expressões: há necessidade de serem policiados e disciplinados os programas televisivos, a partir dos noticiários, extinguindo-se de vez a divulgação e propagação de tudo que for agressivo, violento, imoral, fora dos padrões éticos normais ou relegando-os para altas horas, satisfazendo aqueles que não aceitam qualquer espécie de censura.
 
Enquanto a sociedade sofrer a carência de virtudes, pior do que a falta de empregos, teremos de conviver com a violência e escutar o eco dos clamores, que nem os dias e as noites conseguem esmaecer.
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