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Publicado: Sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Carta por Ocasião das Eleições Municipais 2008

No dia 5 de outubro, cumpriremos nosso dever de participar das eleições municipais, na busca do bem comum. Neste momento importante da vida pública, a Igreja deseja propor princípios básicos a seus membros e a todos os cidadãos abertos ao diálogo, para auxiliar na escolha certa dos que vão nos governar por quatro anos. Ela não apresenta candidatos e nem tem compromissos partidários, mas está consciente de que voto tem conseqüências imediatas e futuras.
 
Por isso, em consonância com os ensinamentos do Santo Padre Bento XVI, com a Doutrina Social da Igreja e com as orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, apresento aqui alguns pontos que, julgo, poderão ser úteis no momento de escolher os candidatos seja para prefeito, seja para vereador.
 
A Diocese de Jundiaí é formada por 11 municípios: Jundiaí, Cabreúva, Cajamar, Campo Limpo Paulista, Itu, Itupeva, Louveira, Pirapora do Bom Jesus, Salto, Santana de Parnaíba e Várzea Paulista. Ao todo, nestes municípios, estão concorrendo ao cargo de prefeito 44 candidatos e para vereadores 1.712 candidatos, segundo o Tribunal Eleitoral.
 
As eleições municipais se revestem de particular importância, porque é no âmbito do município que se consolidam as estruturas de convivência humana; nele é que trabalhamos e desfrutamos dos sistemas de saúde, educação, transporte, moradia, saneamento básico, segurança pessoal e familiar, proteção ao meio ambiente e outros. Estão no poder local muitas decisões que interferem diariamente em nossa vida e no futuro de nossas cidades.
 
Aos Candidatos
A todos os candidatos, queremos cumprimentar e manifestar nossos votos de um feliz final de campanha, onde prevaleçam a honradez e a paz. Aos futuros eleitos, desejamos que tenham muito sucesso no exercício do poder em benefício da coletividade, sobretudo das classes mais desfavorecidas, em vista da construção de uma sociedade mais justa, mais humana, mais fraterna, mais solidária.
 
Desejamos sinceramente que todos assumam um compromisso sério contra as atuais forças negativas que agem contra a vida, contra os direitos do nascituro, e contra a família, pois quem governa tem, em primeiro lugar, o dever de proteger a pessoa humana e sua dignidade natural.
 
Falando especialmente aos candidatos católicos, lembramos que lhes é assegurado o direito de objeção de consciência. Ninguém pode impor-lhes votar ou sancionar projetos contra a sua consciência cristã. Deus os ajude a serem autênticos e corajosos nos momentos decisivos ou de pressão de grupos.
 
Aos Eleitores
1) Respeito pela Religião: Se você é uma pessoa que tem fé, professa sua religião convictamente, saiba que tem direito a agir e votar conforme sua consciência religiosa. O Estado por ser laico, não pode tratar o cidadão como se fosse obrigado a ser ateu ou a não ter religião. Deus e você merecem respeito. No momento de escolher seus candidatos, reze pedindo as luzes do Espírito Santo.
 
2) Igreja e Política: Não é possível, nem é necessário desligar completamente política de religião. A Igreja está no mundo e você, ao mesmo tempo, é cidadão e cristão. Bento XVI, na encíclica Deus Caritas Est, ensina que “A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política nem deve pôr-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta política”. Vote com reta consciência cristã e não se deixe manipular.
 
3) Candidatos e Religião: Olhando o aspecto religioso, é bom ficar atento para não ser enganado por candidatos que instrumentalizam a religião para fins eleitoreiros. Por outro lado, há candidatos que têm uma prática religiosa autêntica e exemplar, buscando coerência entre fé e vida. Esses nos dão mais condições de serem analisados e conhecidos, por isso, podem merecer o nosso apoio. Contudo, também esses devem ser examinados para ver sua reta intenção e competência. Se o candidato é de outra religião, havendo suspeita de que ele vá agir contra a fé católica, temos o direito e até o dever de não lhe dar o voto.
 
4) Não à Corrupção: O eleitor deve procurar conhecer bem as propostas de seus candidatos, a sua capacidade para o cargo, a honestidade de sua vida e as opções de seus partidos. Não confie somente nas promessas do candidato, mas examine o seu comportamento no dia a dia, veja se ele não é envolvido com corrupção. Há candidatos bons que se recusam terminantemente a participar de transações desonestas. Ninguém deve votar ‘nulo’ ou ‘em branco’. O voto é o instrumento que temos para melhorar as coisas na vida social.
 
5) Vote em Defesa da Vida: Ao escolher seu candidato, veja se ele é favorável à vida ou comprometido com ideologias da morte. A vida humana é sagrada. Ela é o supremo dom de Deus. Não aconselhamos ninguém a votar em quem é favorável ao aborto, à eutanásia, à tortura, ao tráfico de drogas, à violência ou em quem engana a população nessas matérias.
 
6) Vote em Favor da Família: Observe se seu candidato é defensor dos valores inalienáveis da família, base natural da sociedade. Verifique se ele luta contra as forças desagregadoras da família, se está disposto a combater a permissividade, os perigos de promiscuidade, a exploração sexual, a degeneração dos costumes. Avalie se ele é a favor do compromisso com uma sadia e correta educação sexual das crianças e dos jovens. Verifique se ele se deixa pressionar por grupos que querem equiparar a família a qualquer outro tipo de união não condizente com o conceito original e sagrado
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