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Publicado: Sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Cartão vermelho

Vai-se daqui a pouco, a um período de quase três meses, que o Senado praticamente não anda naquilo que ele tem de precípuo e necessário. Legislar no bem da nação.
 
Todas as atenções se voltaram para a figura que mais do que ninguém caracterizou o coronelismo na política brasileira.
 
Superou a todos de seu estilo, anteriores e remanescentes.
 
A fama, fama que não o engrandece, já dizia dele desde as façanhas suas e familiares, no recôndito do Maranhão pobre, indefeso e envolvido.
 
Quem cuidou de referir-lhe essa faceta e o fez com muita propriedade, foi o colunista mensal da “Isto É”, Zeca Baleiro, erudito e músico, seu conterrâneo.
 
Somente nos últimos tempos que o povo - que vota e faz peso nas urnas - começou a descobrir suas manhas. Prova disso, a filha, que perdera as eleições.
 
Mas mesmo assim, por mais uma daquelas estripulias do pai e que ao conhecimento público não chegam porque abafadas, tomou a cadeira do governador eleito. Governa ela, agora, “na marra”.
 
A feição de inocente nestes poucos dias, em que se livrou das acusações através de tramóias de bastidores, ele a exibiu num longo discurso, a falar sobre Euclides da Cunha.
 
Pretendia distrair o plenário e demover ou atenuar as ações dos que o condenam abertamente, todos os dias.
 
Saiu, porém mais cedo da sessão.
 
Fora avisado que o incansável senador Suplicy renovaria o apelo para que o titular da Casa renunciasse.
 
Pois ontem (25), por volta das dezessete horas, à tarde já a se recolher, o senador Suplicy ergue bem alto, da tribuna, o cartão vermelho, à moda de como os juízes expulsam jogadores indisciplinados ou violentos nos campos esportivos.
 
Nessa atitude do senador paulista, ato de quase desespero ante a surdez e a teimosia do presidente, consagra-se a marca definitiva de como o homem a quem endereçou o cartão, não será nunca lembrado nem por algum mérito que possa ter tido nos altos cargos que ocupou.
 
Hoje, no panorama de sua biografia, se estampa um inequívoco painel a demonstrar que não há limites na sua ousadia.
 
É o espetáculo que o Brasil tem muito claro na sua frente.
 
O braço erguido e o cartão vermelho, brandido no ar, como se apontado na sua direção.
 
Sombria a expectativa de como esse imbróglio vai acabar.
 
Mesmo que houvesse agora a renúncia, tardia, nem esse ato que às vezes poderia revelar um instante de humildade, terá o condão de reparar ou recuperar-lhe a imagem.
 
Toda possibilidade de reparos se exauriu.
 
Cartão vermelho.

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