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Publicado: Sábado, 7 de setembro de 2019

CATÓLICO MEIA-BOCA

Crédito: Internet CATÓLICO MEIA-BOCA
Uma pessoa "não morta" é porque (ainda) está viva. Um católico "não praticante" é porque não é católico. Simples assim.

Em nosso Brasil, além das jabuticabas, há coisas que só existem mesmo aqui. Entre elas, a absurda figura do “católico não praticante”. Trata-se de um conceito ilógico. O “não praticante” é aquele que não pratica. E aquele que não o pratica, não o é. Uma mulher “não grávida” é porque não engravidou. Um torcedor “não palmeirense” é porque nunca torceu para o alviverde. Uma pessoa “não morta” é porque (ainda) está viva. Um católico “não praticante” é porque não é católico. Simples assim.

Nos dicionários, de modo geral, “meia-boca” é o adjetivo que serve para designar algo “mais ou menos”, que não é tão bom quanto o ideal, algo “morno”, nem bom e nem ruim, intermediário. São assim, infelizmente, muitos dos que se dizem católicos mas na verdade não o são. Lembremo-nos de que o próprio Jesus disse: “Seja o seu sim, um sim. Seja o seu não, um não. A comida morna (meia-boca) só serve para ser vomitada e pisada pela multidão”.

O católico-meia-boca acredita em Deus como quem crê no Batman, que sempre deve estar por aí para nos salvar. Considera Jesus um moço bacana, que permite tudo através de palavras doces e suaves (jujubas), pois “o importante é o amô”. Pensa que o Espírito Santo é um fantasma esotérico, cheio de energia positiva e dicas práticas dignas de um coaching charlatão.

O católico-meia-boca não faz nada do que Deus manda. Se diz entendido em tanta coisa, mas finge compreender o significado dos Mandamentos. Não pratica nadica de nada do que Jesus ensina no Evangelho, substituindo a doutrina de Cristo por conteúdos de auto-ajuda que na verdade são auto-engano. Ignora o Espírito Santo, pois não abre verdadeiramente o coração para viver a Fé com vontade e a Caridade como uma necessidade da alma.

O católico-meia-boca não participa da Igreja porque “lá só tem hipócritas”. Mas se esquece, como dizia o venerável Dom Fulton Sheen, que sempre cabe mais um. De fato, é melhor ser um católico praticante que lida e tenta se converter de suas hipocrisias, do que um não praticante orgulhoso que jamais se converte e que utiliza os defeitos alheios como desculpa para continuar caminhando na mediocridade.

O católico-meia-boca, cheio de ranço infantil, critica a Igreja. Mas não aceita nenhuma crítica e tampouco faz uma honesta auto-crítica. Só gosta de apontar, jamais de se corrigir. Detesta a Igreja enquanto instituição humana, esquecendo-se de sua porção divina. Detesta o clero e os conteúdos da Fé porque na verdade ama mais os mundanismos e as imundícies que cultiva no coração como pecados de estimação.

O católico-meia-boca confunde os Sacramentos com crendices supersticiosas. Pensa que tem “direitos” na Igreja, quando na verdade tudo é Graça de Deus obtida depois de uma plena adesão à Fé. Quer fazer da Igreja o seu salão de festas particular ou então uma ONG assistencialista que só pretende matar a fome e a sede do corpo, mas não da alma.

O católico-meia-boca diz que reza, mas é mentira. Na verdade reza, assim, um pai-nosso por dia, isso quando se lembra. E pensar que há papagaios que rezam mais! Fala que se “confessa direto com Deus”, mas na verdade dialoga consigo e se engana a si mesmo. E o que é pior: nunca se converte. Afirma que vai “mudar de vida”, mas não o consegue por si mesmo: a vida passa e nada muda.

O católico-meia-boca diz que não vai à Missa, escolas bíblico-teológicas e novenas porque tudo “é muito chato”. Mas por dinheiro ou conveniência suporta de bom grado as chatíssimas reuniões de trabalho e as barulhentas reuniões familiares, por mais cheias de trêtas que sejam. Fala que a Missa é “demorada”, mas perde tempo assistindo três novelas ou três partidas de futebol de uma só vez. Justifica que não faz caridade porque há pessoas muito mal intencionadas por aí, mas também está cheio de más intenções ao desconfiar da real necessidade dos outros.

O católico-meia-boca diz que não se casa porque isso “tira a liberdade”, mas permanece escravo de inúmeros vícios e maus costumes e faz de escravos os que estão ao seu lado. Fala que não quer filhos porque “dão muito trabalho”, mas se dá ao trabalho com inúmeras coisas fúteis. E prefere passear na rua com um cachorro, catando a merda dele, do que gerando filhos e criando com eles genuínos laços de amor para a eternidade.

O católico-meia-boca diz que não quer “doutrinar” os filhos na fé católica, para que escolham o que desejam praticar quando crescerem. Mas não se importam de encher a mente das crianças e jovens com idéias imundas (vide comunismo, esoterismo, satanismo, materialismo, promiscuidade, etc.). Quando os pequenos crescem e se tornam pessoas egoístas, materialistas e sem valores, desesperam-se. E colocam a culpa, em quem? Na Igreja, nos padres, na podridão do mundo, etc.

O católico-meia-boca gasta o tempo cultuando e cuidando do próprio corpo, fazendo do espelho um círculo vicioso de ilusão. Mas não se preocupa em exercitar a alma, que é o que realmente torna uma pessoa forte diante das coisas da vida. Perde tempo comprando e consumindo, buscando consolo em bens materiais e viagens. Mas não faz, por um segundo sequer, um sincero exame de consciência para verificar se está realmente sendo útil ou feliz nesta vida.

O católico-meia-boca, em alguns momentos, brinca com o perigo batendo no peito e se dizendo “um pouco ateu”. Mas isso antes do primeiro ataque cardíaco, quando descobre um câncer ou se o avião começa a sofrer turbulência demais. Brada por “justiça social”, deixando de lado a Justiça divina. Distorce o Evangelho e o Catecismo para satisfazer uma preferência político-partidária. Pensa mais em dinheiro do que na Eucaristia. E faz “opção preferencial pelos pobres” apenas para constar na foto, atualizando o farisaísmo em nossos dias.

Infelizmente o nosso país está como está porque é um país de católicos (e cristãos em geral) meia-boca. Louvado seja o fato de que muitas pessoas são realmente cristãs, tementes a Deus e firmes em seu comprometimento de viver os valores do Evangelho. Gente que pratica, sim, a bondade, a caridade e outras virtudes. Mas é preciso, digo mais, é extremamente necessário, não taparmos o sol com a peneira diante dessa triste realidade: o Brasil não é um país católico de verdade, em sua totalidade e em sua maioria. A massa ainda confunde Fé com superstição, Evangelho com ideologia e Jesus com um guru legalzinho que jamais fala de desapego, renúncia, sacrifício, cruz, inferno, etc.

É triste constatar que, em termos de Fé, o Brasil só tem tamanho. O México, por tudo que já enfrentou por causa da fé cristã, principalmente diante do odioso e ateísta comunismo do início do século vinte, dá provas de ser muito mais católico que nós. Os EUA, onde o número de católicos vem crescendo ano após ano, é muito mais católico no seu conservadorismo, que tem por objetivo conservar os valores morais e humanos facilmente identificáveis no Evangelho. A pequena Polônia é muito mais gigante na Fé, basta verificar como o cristianismo está entranhado em sua belíssima história.

Nenhuma dessas constatações, porém, deve servir para o nosso desânimo. Precisamos conscientizar os habitantes desta Terra de Santa Cruz a respeito do que seja a verdadeira prática da fé católica. Quando tivermos mais brasileiros e brasileiras cristãos de verdade, deixaremos de ser esse país meia-boca onde os poderosos fazem o que querem e a população sofre o que não merece.

Antes de desejar “mudar do Brasil”, devemos querer mudar “o” Brasil e mudar também pessoalmente, de modo íntimo e particular. Nosso país não deve ser grande por causa da economia ou do bem-estar social. Muito melhor será sermos grandes na Fé. Mas de verdade, não de um jeito meia-boca. Antes de desejar “mudar o mundo” ou “transformar o Brasil”, cada um procure converter-se de verdade, mudando e transformando a si mesmo.

O nosso “salvador da Pátria” tem nome: Jesus de Nazaré! Que os nossos padroeiros, Nossa Senhora Aparecida e São Pedro de Alcântara, continuem intercedendo pelo nosso país e por todos nós. E que, para o bem das futuras gerações, possamos aumentar cada vez mais o grau de cristandade desde sempre enraizado na vida da nossa nação.

Amém.

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