Cidade Amiga do Idoso
FATO: 2007- Mais da metade da população mundial passou a morar em cidades e, em 2030, cerca de três em cada cinco pessoas viverão em áreas urbanas.
Um contingente maior de idosos também está morando em cidades. Em 80% dos casos, a proporção de residentes idosos chega a ser semelhante à de moradores de faixas etárias mais jovens; a proporção de aumento populacional se dará no mesmo ritmo entre indivíduos mais velhos e mais jovens.
Pare para refletir no quão preparadas estão as cidades, para lidar com sujeitos com um grau de fragilidade algumas vezes maior do que o da população total? Obviamente estamos progredindo, a passos curtos, mas estamos; quantas milhares de vezes não ouvimos a palavra Acessibilidade?! Pode até parecer que nada têm sido feito, mas....
Em 2005, na cidade do Rio de Janeiro, durante o XVIII Congresso da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria (IAGG), a OMS lançou o projeto Global Age-friendly Cities, mais conhecido por nós brasileiros, como Cidade Amiga do Idoso.
Com uma verba inicial dada pelo governo do Canadá e Help the Aged, Reino Unido, a OMS e seus parceiros, em 33 cidades (entre elas, a do Rio de Janeiro) de 22 países, pediram a cerca de 1500 idosos que apontassem os aspectos positivos e os obstáculos que eles encontram na cidade em que vivem, em relação a oito quesitos:
1. prédios públicos e espaços abertos,
2. transporte,
3. moradia,
4. participação social,
5. respeito e inclusão social,
6. participação cívica e emprego,
7. comunicação e informação; e
8. apoio comunitário e serviços de saúde.
O crescimento urbano está associado ao desenvolvimento tecnológico e econômico de um país. Cidades vibrantes beneficiam toda a população; seja ela urbana ou rural. Como as cidades são o centro das atividades culturais, sociais e políticas, elas são um celeiro de novas idéias, atitudes, crenças, produtos e serviços que influenciarão outras comunidades e, portanto, o mundo. Contudo, para ser sustentável, as cidades devem oferecer estruturas hábeis e serviços que proporcionem o bem-estar e a produtividade de seus residentes. Os idosos, em particular, precisam de ambientes que lhes apóiem e capacitem, para compensar as alterações físicas e sociais decorrentes do envelhecimento. Tornar as cidades mais amigáveis aos idosos é uma resposta necessária e lógica para promover o bem-estar e a contribuição de idosos residentes em áreas urbanas e manter as cidades prósperas. E como o envelhecimento é um processo de toda a vida e intrínseco a todos nós, uma cidade amiga do idoso é uma cidade para todas as idades- BINGO!
Quem vai utilizar este Guia?
Este Guia deve ser utilizado por pessoas ou grupos interessados em fazer sua cidade mais amiga do idoso, como governos, organizações de voluntários, o setor privado e grupos de cidadãos. O mesmo princípio seguido na criação do Guia se aplica à sua utilização, isto é: envolver os idosos como parceiros plenos em todas as etapas. Na avaliação dos pontos positivos e negativos de cada cidade, os idosos vão descrever como o checklist das características reflete as suas próprias experiências. Eles darão sugestões para mudança e podem participar na implementação de projetos de melhoria. A situação dos idosos, fornece informações essenciais, que devem ser filtradas e analisadas por especialistas em Gerontologia e tomadores de decisão no desenvolvimento e adaptação de intervenções e políticas. Nas etapas de acompanhamento das ações locais “amigáveis ao idoso”, é imperativo que os idosos continuem a ser envolvidos no monitoramento da evolução da cidade e atuem como defensores e conselheiros das cidades amigas do idoso.
Segue abaixo, como exemplo do guia da OMS, alguns itens do checklist dos espaços abertos e amigáveis aos Idosos; assim como relatos dos Gerontes à respeito dos mesmos.
Ambiente:
_ A cidade é limpa, e há uma legislação, devidamente cumprida, que limita o nível de ruído e odores desagradáveis ou nocivos em locais públicos.
Você sai da sua cama às 4 horas da manhã ao invés das 6 horas porque há muito barulho lá fora.
Idoso, Istambul
Espaços verdes e calçadas:
_ Há espaços verdes bem conservados e seguros, com abrigos adequados, banheiros e bancos de fácil acesso.
_ Calçadas amigáveis aos pedestres, que sejam livres de obstáculos, com superfície nivelada, com banheiros públicos e de fácil acesso.
Bancos públicos:
_ Existem bancos públicos, especialmente em parques, nas paradas de ônibus e em espaços públicos, e colocados a intervalos regulares; os bancos são bem conservados e fiscalizados para que todos tenham acesso seguro a eles.
Há muito poucos bancos … você fica cansado e precisa de um lugar para sentar.
Idoso, Melville
Calçamento:
_ O calçamento é bem conservado, nivelado, anti-derrapante e amplo o suficiente para acomodar cadeiras de rodas, com um meio-fio baixo para facilitar a transição para a rua.
_ O calçamento é livre de quaisquer obstáculos (por exemplo, camelôs, carros estacionados, árvores, cocô de cachorro, neve) e os pedestres têm prioridade.
Eu caí por causa [do estado] da calçada. Quebrei o ombro.
Idoso, Dundalk
Eu não moro no centro, eu moro em La Loma, mas nós tivemos o mesmo problema com as calçadas. Eu tenho dificuldade em andar, eu uso uma bengala, e tenho que olhar para baixo toda hora. Hoje, quando eu ando pelo centro, eu peço ajuda para atravessar a rua. Eu vejo se há um jovem para me ajudar, e as pessoas ajudam. Eu não posso me queixar.
Idoso, La Plata
Ruas:
_ As ruas têm cruzamentos em intervalos regulares, com faixas anti-derrapantes, fazendo com que seja seguro aos pedestres atravessá-las.
_ As ruas dispõem de estruturas físicas bem desenhadas e apropriadamente colocadas, como ilhas de tráfego, passagens ou túneis que ajudem os pedestres a atravessá-las, especialmente nas de muito movimento.
_ Os sinais de trânsito são regulados para dar tempo suficiente para que os idosos atravessem a rua, e têm dispositivo visual e sonoro.
O [tempo do] sinal é feito para corredores olímpicos.
Idoso, Halifax
Tráfego:
_ As regras de trânsito são rigidamente cumpridas, e a preferência é da
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