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Publicado: Domingo, 21 de fevereiro de 2010

Como aprendemos a amar uma cidade? *

Crédito: Deborah Dubner/www.itu.com.br Como aprendemos a amar uma cidade? *
Em Itu eu aprendi a amar uma cidade!

Uma cidade

Fiquei pensando outro dia: o que faz com que a gente ame uma cidade?

Penso que é assim como o lar da gente. Aprendemos que tem um cheiro especial, que só de sentir já relaxa o corpo. Quando a gente vai chegando perto, a emoção acalma, se alegra e começa a cantar.

Nossa vida, entrelaçada com memórias de ruas e janelas, se torna intimamente ligada ao que acontece no pulsar das histórias. Aos antepassados enviamos gratidão, conservando importantes aprendizados. Aos descendentes, reservamos nossos sonhos mais profundos de uma vida digna, justa e feliz.

Amamos uma cidade não porque ela é famosa, pequena, cosmopolita, conservadora, moderna, calma, bonita, turística, industrial, limpa ou qualquer outro adjetivo que se possa imaginar. Amamos simplesmente porque aprendemos a nos sentir parte dela.

Amamos...

Porque a vida das calçadas é também a vida da gente.

Porque respiramos o mesmo ar.

Porque nos importamos com o que lhe possa acontecer.

Porque queremos ver as crianças crescerem saudáveis.

Porque nos sentimos singelamente orgulhosos quando a elogiam.

Porque pudemos escrever nossa história nas páginas de suas ruas.

Porque cultivamos amizades e apreços sem preço.

Porque nosso álbum está cheio de fotos de momentos inesquecíveis.

Porque ela nos oferece o que precisamos.

Porque sentimos gratidão.

Amamos uma cidade como amamos o nosso lar. Sem raízes, perdemos a história. Sem asas, perdemos os sonhos. Uma cidade que nos acolhe é assim, oferece tudo isso.

Penso que para aprender a amar uma cidade, temos que primeiramente amar o nosso lar. Saber quem somos. Ter um compromisso com nossa própria vida. Saber que nossas ações importam. Compreender que somos energia em movimento, e que afetamos positiva ou negativamente qualquer ser vivo ao nosso redor. Diante dessa consciência, sabemos que podemos escolher onde, como e porque viver.

Amar uma cidade não tem nada a ver com ter nascido nela. Porque a vida é feita de escolhas. Podemos escolher sair ou ficar em busca do que nos chama. O que importa mesmo é ouvir o chamado. O que importa mesmo é não fazer da vida uma sucessão de dias repetitivos e sem graça, culpando a cidade por não oferecer o que deveria. Isso não tem nada a ver com a cidade, isso tem a ver com o que somos.

Assim, aprendemos a amar uma cidade não pelo que ela é, mas pelo percurso do nosso caminhar. E não existe regra para o amor. Ele simplesmente acontece, de qualquer jeito e sem avisar. Mas a gente sabe quando ele bate à nossa porta. Portanto, sabemos exatamente quando amamos uma cidade.

Itu

Itu tem relíquias, detalhes e memórias escondidas em cada beco, esquina, azulejo ou árvore. Basta ter olhos para enxergar e amor para compartilhar.

Itu, bela senhora, antiga no tempo e jovem nos sonhos, pequena no nome e grande na fama, tornou-se quatrocentona. Grande feito!

Podemos respirar Itu em todas as suas formas, matizes, ângulos e sabores. Itu tem natureza, turismo, política, fama, folclore, festas, cultura, esporte, gastronomia, gente, beleza, tradição, negócios, história, educação, hospedagem calorosa, fazendas, campings, parques, clubes, praças, memórias, sorrisos, lágrimas e grandeza. Itu pode ser exageradamente o que quisermos que ela seja.

Nos 400 anos de Itu, deixemos de lado momentaneamente as coisas que não estão no lugar certo, os erros que nos inquietam, os incômodos que não querem calar. Não precisamos apagá-los ou escondê-los. Mas podemos olhar também todos os resultados já conquistados, através de pessoas que amam essa terra, nascidas ou não aqui, e que tanto têm feito por Itu. Podemos ter um olhar generoso para os muros não pixados, para os casarões preservados, para as árvores que insistem em florescer mesmo quando cercadas de cimento.

Podemos simplesmente honrar, agradecer e desejar: Parabéns Itu! 

Eu em Itu

Em 2010 comemoro 10 anos de moradia em Itu, cidade que escolhi para viver.

O meu olhar para Itu traduz como vejo a vida: cheia de qualidades e defeitos, portas abertas e fechadas, ruas principais e atalhos, contradições e beleza.

Mas acima de tudo, a vida é um amplo palco de possibilidades, que nos convida diariamente a ultrapassar fronteiras para desabrochar quem somos. Tudo o que nos for ofertado, seja na vida ou em qualquer cidade, é fruto da nossa atitude e do que escolhemos nutrir com o nosso caminhar.

Por isso posso afirmar sem medo de errar: em Itu, aprendi a amar uma cidade!

* Esta crônica faz parte do livro "Itu pelos Ituanos", lançado no dia 20 de fevereiro pela ACADIL e editado pela Ottoni Editora, em comemoração ao quarto centenário da cidade.

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