Compaixão ou Piedade?
Compaixão é diferente de piedade, mas podemos confundir.
Quando estamos diante do sofrimento de uma pessoa, ter compaixão é um gesto de amor. Compaixão é acolhimento, compreensão, abraço, escuta. Emprestamos o nosso melhor para a dor do outro existir com esperança e coragem.
Piedade é diferente, pois evoca os sentimentos de culpa e pena dentro de nós. No estado de piedade, pouco podemos fazer pela pessoa que sofre.
A piedade diminui o outro e a compaixão o engrandece.
Compaixão sem piedade significa que, diante da dor de uma pessoa, estamos inteiros o suficiente para abrigar e reverenciar todo e qualquer sentimento, como um espelho de nós mesmos.
Abrigamos a nossa dor quando aprendemos a descer em nosso escuro de luz, um espaço inabitado que mora em nossas profundezas. Esta escolha nos presenteia com o poder da compaixão pelos nossos sentimentos e fraquezas e igualmente por toda a humanidade.
A piedade, porém, coloca-nos em posição de vítima, tira a nossa força, destrona o nosso poder. Ter piedade por nós mesmos ou pelos outros é paralisante, pouco revelador. A piedade no lugar da compaixão coloca a dor do outro no lugar da nossa. Não por amor, mas por necessidade. Não por compreensão, mas por manipulação.
Não é fácil perceber se estamos morando na compaixão ou na piedade. Mas essa sutil diferença traz resultados bem opostos. Porque a compaixão empodera e a piedade reduz.
Quero aprender. Intento que o meu abrigo seja doce, mas sem piedade. Que receba com graça e silêncio, presença e intenção. E quando eu sentir pena de alguém que amo ou de mim mesma, que eu jamais me esqueça do que uma vez disse Drummond: “a dor é inevitável; o sofrimento é opcional.”