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Publicado: Quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Consciência negra, negra consciência

Crédito: álbum de família. Consciência negra, negra consciência
Que tenhamos consciência sobre a "bondade humana".

O caso do momento não é algo isolado, é um exemplo para você que se acha "santo", "bem intencionado", que se acha a "cereja do bolo", que acha o brasileiro (ou outro ser humano) "bonzinho", "sem preconceitos". 

Sem a consciência sobre o que somos, nada poderemos ser, e nunca poderemos alterar a realidade à nossa volta.

 “Precisamos compreender que fomos educados dentro de uma cultura “branca”, onde a Escola é Branca, o Hospital é Branco, onde o Símbolo da Paz é Branco, onde Deus é Branco! Onde o termo “negrice” é aceito com a maior naturalidade, e o termo “denegrir” é usado em documentos oficiais...” (Sidarta Martins)

Recentemente foi publicado um estudo intitulado "Mapa da Violência 2015", sobre a violência contra a mulher. Neste mapa destaca-se a acentuada diferença entre a agressão à mulher branca e à mulher negra, no Brasil.

Importante deixar claro que qualquer tipo de violência é abominável! Contra a mulher, contra a criança, contra qualquer Ser Humano, contra animais... Porém, há que se refletir sobre os resultados deste "Mapa da Violência 2015".

Quando pensamos na questão da Consciência Negra, somos, irremediavelmente, remetidos a um passado recente, quando nossos irmãos negros eram espancados até a morte, em praça pública, transformando o dia em feriado, para que todos pudessem assistir à maldade branca, à maldade dos senhores e serviçais desalmados, de ontem e de hoje, sem qualquer consciência sobre sua demência, sem qualquer consciência sobre o fato de que qualquer poder sem amor é loucura, é doença.

E quanto poder sem amor se espalha por este mundão de Deus! E quanta hipocrisia!

Porque não se fala sobre isso nas Escolas Ituanas e Brasileiras? Porque isso não está nos livros de História?

Continuo me perguntando se nas comemorações feitas em Itu, uma cidade aristocrática, de ontem e de hoje, haverá espaço para pedidos de desculpas pelas maldades em praça pública, ou para agradecimento aos verdadeiros construtores dos casarões, das igrejas, e das praças onde eram espancados.

Será que a dignidade, enfim, falará mais alto, e se curvará à verdade, reconhecendo um passado recente, que nos enche de vergonha?

Quando me vejo cristão e me compadeço com o sofrimento do Cristo, nosso exemplo maior, pergunto-me se o sofrimento ao qual foram submetidos centenas de milhões de irmãos nossos, não só nas Américas, mas em todo o mundo - e continuam sofrendo, não é digno, também, de compadecimento e reconhecimento público.

Mas existem outros pontos a serem discutidos, a serem colocados "à prova de consciência", antes de nos colocarmos a defender isso ou aquilo para os nossos irmãos negros.

Por exemplo: Você concordaria que sua filha, branca, se casasse com um negro? Você receberia sua neta, branca, com o parceiro negro, para dormir em sua casa, almoçar à sua mesa, com a mesma disposição que a receberia se estivesse com um parceiro caucasiano? Você respeita seu genro negro? Seu chefe negro? Seu comandante negro? Seu médico negro? O policial negro? O pedreiro negro?

Quanta hipocrisia, meu amigo! Quanta hipocrisia!

Aliás, quantos de nós aceita fazer consulta com um médico negro? Quantos de nós aceita um professor negro? Quantos de nós aceita que nossos filhos e filhas frequentem a casa de amiguinhos negros, e vice-versa?

Indo um pouco além: Em uma Sociedade com 51% de negros, quantos deles são vereadores, prefeitos, deputados, senadores, promotores, professores, juízes, generais, professores universitários?

Há muito que caminhar ainda, esta é a CONSCIÊNCIA QUE PRECISAMOS TER. Precisamos compreender que fomos educados dentro de uma cultura "branca", onde a Escola é Branca, o Hospital é Branco, onde o Símbolo da Paz é Branco, onde Deus é Branco! Onde o termo “negrice” é aceito com a maior naturalidade, e o termo "denegrir" é usado em documentos oficiais...

Aliás, que tal levantarmos TODOS os termos pejorativos aos negros e pedirmos que sejam retirados dos dicionários de língua portuguesa?

Tenho a honra e a alegria de ter tido, em minha infância, inúmeros amigos negros, de ter recebido, em minha casa, na minha juventude, colegas negros de Ensino Básico e Médio, para estudarem comigo. Tenho a imensa honra de viajar, semanalmente, e trocar impressões, com uma gentil amiga negra, uma mulher de imenso valor, Educadora das mais destacadas. Não cito seu nome aqui, por não estar autorizado, mas ela sabe do respeito que tenho por ela e por todos nossos irmãos negros. Um beijo terno a você, doce amiga, onde quer que esteja agora.

Consciência negra, negra consciência!

Consciência!

Negra!

Consciência sobre um passado

Negro!

Um passado negro de negras ações

Negras atitudes de um branco com alma negra

Um negro passado!

Consciência!

O negro passado a limpo

O príncipe, negro

Com um passado limpo

Limpando a alma, lavando o espírito

Um príncipe, vários príncipes!

Guerreiros, heróis, crianças e velhos

Homens e mulheres, príncipes e heróis

Fantoches de um branco sem consciência

Consciência!

Consciência sobre a maldade

Consciência sobre o passado

- O passado, passado a limpo!

Feriado!

O passado em praça pública

Para assistir à maldade inconsciente

De um branco onisciente, de um branco insano

Agredindo ao negro

Em praça pública!

Agredindo ao negro de alma branca

Que lhe traz a consciência de sua alma negra

Negra nas intenções

Negra nas ações

Negra nas maldições

Maldições que hoje voltam

Vão e vem, em um vai-e-vem sem fim

Até que haja a consciência, plena!

E a aceitação...

Consciência!

Lavando a alma, trazendo a calma

A esta alma negra

Lavando um passado e construindo um futuro

Consciência!

Em uma só palavra, a ciência, conosco

Conosco o conhecimento, sobre nós mesmos

Sobre o que fomos e o que somos

Consciência, paz, amor

Com ciência!

...

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