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Publicado: Sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Conselho para mim mesmo numa sexta-feira 13

Quão pior é o nocivo que veste-se de inofensivo? Quanta maldade pode esconder um sorriso?


Como o lobo em pele de cordeiro, a intenção disfarçada é, das ações, uma das mais vis. O humor presta-se bem como a pele morta de uma ovelha.
Com sorrisos bem abertos e risadas iluminadas, os hábeis dissimulam em brincadeiras aparentemente inofensivas, mas sutilmente nocivas, o seu veneno. Sem perceber, o que acaba ingênuo, o absorve em desaviso, terminando intoxicado pela maldade que, quase sempre, é construída da frustração daquele que envenenou.

Os mais ardilosos são tão hábeis que se descobertos ou flagrados rapidamente se farão de injustiçados, e como vítimas convencerão um quinhão ao seu redor. A sinceridade é poderosa, mas sua força se faz no tempo, e a força do maligno é potente no curto prazo. Contaminar com o mal é tentador, e muitos se confortam em fazê-lo, tentando endereçar angustias que não poderão ser aplacadas por esses meios. Mas ainda assim o fazem na busca de um alívio curto, um efêmero prazer duvidoso, como o de uma droga que fascina no imediato e destrói ao longo do tempo.

Mas não é nova esta aprendizagem. O diabo sempre se fez de paisagem. É de cordeiro que se disfarça o lobo, é de inofensivo que aparece o diabo, e é sempre apenas no final que de lúcifer mostra-se a criatura. O cheiro de enxofre é sempre disfarçado em flores.

Mas engana-se quem vê em uns o bem e em outros o mal. Pois é dentro de nós que residem os dois lados. Conviver com um ou outro é uma opção de cada um, e quem com o diabo prefere interagir, queimado acabará em seu próprio fogo. Alimentar o ardiloso tentando atingir os outros, nada mais resulta do que consumir com seu próprio veneno aquele que o faz. Ainda que no caminho acabe, sem dúvida, por ferir muitos outros. Que pena.

E a sabedoria, ao menos como a vejo, não está na força em combater o que se faz tinhoso, mas na sutileza de perceber sua essência, e na calma de afastar-se para que sozinho se consuma em suas próprias frustrações.
 

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