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Publicado: Quarta-feira, 29 de abril de 2009

Construindo a Vida...

Desejamos que a vida seja um Mar de rosas, mas sequer preparamos o jardim!
Deus é o único criador. Só Ele cria do nada. Criou o Universo, o nosso mundo e a nós todos. No final "viu que tudo era bom, que tudo era belo." Somos a obra-prima da criação; depois de Deus, os melhores, os mais perfeitos, os mais produtivos... Mas não deixamos de ser criaturas, amadas e protegidas por Deus que nos deu um mundo todo, com tudo que tem de bom só para o nosso bem, nossa realização, nossa felicidade. Só não nos é lícito abusar, estragar, ir além das nossas reais necessidades. O mundo é de todos nós, foi feito para durar e continuar a ser bom para as gerações futuras...

Somos operários do Reino de Deus, recriadores a partir do que nos foi providenciado; somos construtores, parceiros de Deus, continuadores de sua obra.

A verdade é que muitos dos homens não se conformam de serem inferiores a Deus, dependentes d'Ele; bem que gostariam de ser totalmente "livres" para fazer e desfazer segundo sua única vontade. Vaidade das vaidades... Não se dão conta da tamanha importância de nossas atribuições, da nobreza de nossas tarefas e das grandes oportunidades de nossa realização como pessoas humanas.

Inventar para quê? A messe é grande, a espécie humana é ainda jovem e a obra está apenas começando nessa Terra que Deus escolheu para morada de seu povo eleito. Há muito a fazer, muito a construir. Deus continua "providenciando" - é só contar com Ele.

O homem é chamado a colaborar com o Criador que não quis fazer tudo sozinho, escolheu precisar de nós. Por isso não criou um mundo estático e acabado, mas em evolução, em crescimento, um mundo a ser cuidado, transformado, adaptado às nossas necessidades. Somos artistas capazes de recriar: tarefa igualmente nobre, humana e divina.

Somos construtores: do progresso científico, cultural e religioso, de relacionamentos mais fraternos, da solidariedade, do amor e da caridade, da própria felicidade, da alegria de viver, da paz, de uma vida abundante e para todos... Há condições para tudo isso e mais...depende de nós...do nosso empenho, do nosso equilíbrio.

Infelizmente as nossas exigências crescem na medida da propaganda; não há mais lugar para uma vida simples e feliz. Nossas necessidades e nossos "direitos" parecem não ter limites: quanto mais temos, mais queremos; quanto mais alcançamos mais sonhamos e almejamos. É um desafio cristão ser feliz, contentar-se com o necessário, abrir mão do supérfluo, do excedente... Há sempre alguém precisando!

Se limitarmos pelo menos um pouco nossa ganância, se exercitarmos um pouco a partilha, dá e sobra para todos.

Precisamos valorizar as coisas simples, as pequenas coisas, as pequenas obras. A nossa vida, se realmente a queremos boa, temos que construí-la "tijolo" por "tijolo", etapa por etapa. Só assim será realmente nossa, nosso tesouro.

Vivemos numa sociedade desordenada, vítima do consumismo, de uma globalização cujos efeitos são ainda imprevisíveis, onde parece que nada compensa, e que o "mundo é só dos grandes". A ordem é investir no que dá lucro.

Mas nem todos podem ser "grandes" e nem tudo é "lucrativo"...

O lucro não deve ser a medida. Nem tudo que dá lucro vale a pena e nem tudo que vale a pena dá lucro. À medida que a sociedade se torna "lucrativa" torna-se igualmente desumana.

Depois de tudo, ainda a vida é curta. Pensemos nisso, na nossa família, nos nossos amigos, nos dias felizes que ainda poderemos construir, na alegria que poderemos distribuir, no sorriso que podemos dar, no bem que podemos fazer; pensemos nos bons momentos que estamos deixando passar, nas amizades que estamos deixando de valorizar; pensemos nas necessárias transformações pessoais e sociais, só possíveis através do amor a Deus e ao próximo; pensemos em tudo que podemos fazer pela paz e pela justiça; procuremos afastar de nós o rigorismo que esfria nossos relacionamentos; evitemos alimentar o ódio, a raiva, a vingança...que petrificam nosso coração; pensemos no valor da Fé, da religião e de ter Deus como companhia; pensemos na nossa vida espiritual que é eterna e que “a felicidade do Céu é para os que sabem ser felizes na terra” (São Josemaria).
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