Conversa com uma Ursa
Acendi um incenso e observei sua fumaça tomar conta do ambiente. Parecia que aqueles sinais de fumaça enviavam um convite, uma prece de agradecimento pela oportunidade de um novo dia. Tive a sensação de que alguém me observava, ela se aproximou. Sim, uma mulher me visitou nesta manhã. Ela chegou de mansinho, com um andar sereno e uma energia sabia – próprio de alguém que sabe o que dizer mesmo que sem dizer uma palavra.
Existem momentos em que é preciso colocar os pés no chão, apaziguar as confusões e ouvir o que os mais experientes têm a dizer. Seguir uma praticidade organizada no equilíbrio ação e intuição, mesmo em meio aos intensos movimentos emocionais cotidianos, as muitas relações e dificuldades – é importante estar centrado. Mas como?
Como se ela lessem meus pensamentos disse:
“Nestes autoencontros podemos caminhar a beira dos lagos, rios, tomar um banho na cachoeira ou visitar o mar interior. Eu gosto de escutar a cura que existe na medicina encontrada na caverna. Você já visitou sua caverna hoje? Será que está no tempo de hibernar? Cada um de nós possui uma floresta e todas as representações da Natureza em nós. Como diz um grande chefe nativo: não somos separados, somos parte dela.”
Então ela continuou com graciosidade: “Feche os olhos. Você pode encontrar algumas respostas num piscar.”
Sabe, resolvi escutar as suas palavras e ouvi as sabedorias transmitidas nos recônditos visionários. Pode parecer loucura, mas não sei se já disse: você também não é normal. Transcrevo o diálogo neste lugar misterioso, foi mais ou menos assim:
“O que você procura com estes passos rápidos? – perguntou a Ursa.
“Eu busco a sabedoria. Estou diante de um grande desafio. Procuro por possibilidades, procuro por solução.” – respondi.
“Ora, ora duas pernas, o que posso sugerir a não ser o que faz parte de mim? Não é preciso buscar ‘a sabedoria’, pois ela está todo tempo convidando-o para um encontro. Ela caminha de mãos dadas com o ‘irmão desafio’, com as impossibilidades e seus movimentos emocionais.
Primeiro, pergunte-se qual a lição? Qual o aprendizado que está por detrás da sua dificuldade? Podemos extrair verdadeiros tesouros nas situações mais difíceis da vida quando sabemos perguntar, tiver a coragem de se posicionar e ouvir.
Segundo, tente identificar outros “invernos da alma” em suas experiências passadas. Pois pode ser que já tenha passado por situações semelhantes ao que esta passando agora e a história está apenas se repetindo. Escreva seus pensamentos nas paredes da caverna.
Terceiro, dê espaço para perdoar seus desencontros. Procure compreender que por mais simples que seja algumas de suas descobertas existem sempre outras tantas. Ninguém sabe tudo, aceite o que você chama de sucesso e fracasso.
Quarto, compartilhe o seu melhor no seu tempo e espaço sagrado. Nada a mais, nada menos – apenas o que toca o seu coração. Não coma todo o mel hoje e nem largue sua pele dizendo que nunca mais vai passar frio. Lembre-se existem outros ‘invernos’.
E descanse um pouco mais. A primavera já vem e esta medicina é salutar para a cabeça, o corpo e o coração.”
Agradeci as recomendações e fui colocá-las em prática. Comecei me dando um tempo denominado “pausa”, ou melhor, um tempo para “não fazer nada”.
Um excelente dia e ótimas inspirações!
Mitakuye Oyasin!
“Por todas as nossas relações!”