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Publicado: Sábado, 25 de junho de 2011

Cordel Encantado

Cordel Encantado

Certamente não foi só a mim que esse título suscitou curiosidade sobre a literatura de cordel.

Nas minhas pesquisas descobri outra similaridade com meu amado Portugal. A literatura de cordel do meu Brasil recém redescoberto (por mim) teve origens lá na terrinha, onde era costume venderem livros populares pendurados em cordões ou cordéis. Inclusive as obras de Gil Vicente eram vendidas dessa forma!

Em terras de Vera Cruz, somente no século XIX esse tipo de literatura começou a ser difundida, devido à escassez de trabalhos de impressão. Fala-se que as aventuras de Lampião foram campeãs de vendas, se é que se pode dizer assim...

Alguns destaques desse tipo de literatura:

  • Gravuras feitas através de xilogravura (técnica de gravura onde utilizamos madeira como matriz).
  • Mantém a identidade local, contribuindo para o folclore brasileiro.
  • Pelo fato de serem facilmente lidas ou adquiridas incentivam o hábito de leitura, bem como servem de material didático e educativo, pelos temas que envolvem.
  • A forma artesanal com que é elaborado.

Existe até uma Academia Brasileira de Literatura de Cordel!!!

Para mim é incrível perceber cada vez mais semelhanças de hábitos portugueses com o nordeste brasileiro.

Não sei se existe, mas pra mim é fácil associar o cordel as festas juninas.

Sei que sou uma recém nascida aqui no nordeste do Brasil, mas sinto nas pessoas um pulsar diferente quando se fala de Festas Juninas. Há um envolvimento para além da nossa percepção na elaboração de festas... Há muita cor e muita vida! (E muito forró também!!!)

Sou fã ardorosa de festas populares! Sinto que consigo entrar de soslaio na intimidade de cada pessoa e ver um rasgo de amor incondicional, de fazer porque se gosta, de ajudar porque se quer, de união para que saia tudo bonito e que haja diversão!! Para todos, todas as idades... Em todos os lugares por onde passei as pessoas se despem do pré-conceito. (E haja quentão pra toda essa gente!!)

Nesses momentos aumenta a admiração pelo meu povo e fica nessas linhas o apelo para que todo mundo procure saber cada vez mais sobre o nosso país, cada dia um tema, um assunto, uma novidade, um tempero novo, uma palavra nova, são tantas coisas por descobrir!!!!!!!!

Eu que ainda nem comecei a engatinhar nessas descobertas me sinto cada vez mais envolvida em cada conversa que me ensina um bocadinho.

Um exemplo de cordel para vocês:

Ai! Se sêsse!…
Autor: Zé da Luz 

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?…
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Que vontade de cantar, como Renato Teixeira “Amanheceu, peguei a viola, botei na sacola e fui viajar”.    

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