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Publicado: Segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Corrente do Bem

“Devemos amar o nosso próximo, ou porque ele é bom, ou para que ele se torne bom.” (Santo Agostinho)

Cristo passou na terra fazendo o bem. Igualmente, esta é a razão última de nossa existência. Para isso fomos criados: para sermos bons. “Perfeitos” como nosso Pai é perfeito. Afinal, Deus é Bondade e fomos “criados à sua semelhança”. Não há como negar: somos livres para amar, para fazer o bem; muitas vezes contrariamos essa verdade, seguimos caminhos da indiferença ou da maldade.

O mundo é carente do bem. Parece até que o mal está dominando. É muito fácil desanimarmos diante da violência, da inveja, da exploração, da desigualdade, da corrupção, das disputas econômicas e guerras de interesses... Crescem assustadoramente a fome, as drogas, a promiscuidade.

Só o bem é capaz de anular o mal. Sua receita é simples: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mc 12, 31)

Não podemos tudo, mas podemos fazer aquilo que está ao nosso alcance. Basta abrir o nosso coração ao amor de Deus: “Quem possuir bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus?” (1Jo 3,17)

É preciso ser bom, porque é a nossa natureza, nossa essência. “Tudo que Deus fez é bom.” O ser humano não é exceção!

É preciso colocar em nosso currículo obras de bondade, sejam elas materiais ou espirituais: visitar os doentes, os encarcerados, libertar os “escravizados”, alertar, ensinar, ouvir, ter paciência, compaixão, perdoar, estender a mão. E ficar feliz com isso!

Afinal é muito bom ser bom e a bondade é contagiante, outros o seguirão...

As pessoas boas alimentam a nossa crença otimista de que o ser humano é intrinsecamente bom e que foi criado para o bem. A maldade nada tem a ver com o dom da criação, nem com o Criador.

A propósito, gostaria de recomendar o filme “Corrente do bem”. Trata exatamente da nossa postura diante da situação do mundo, com suas mazelas, injustiças e dificuldades. Só há dois caminhos: encolher-se, cruzar os braços, aceitar, acostumar-se... ou acreditar que é possível fazer alguma coisa e partir para a ação. Justamente nesse sentido, um aluno da 7a. série, resolve, motivado por um desafio (uma tarefa) colocado pelo professor, agir segundo a ideia de criar uma “corrente do bem”, supondo que esta seria capaz de tirar as pessoas da acomodação e de vencer a corrente do mal. O filme mostra o quanto é difícil convencer as pessoas de que elas podem mudar e aprender a fazer o bem, mas que é preciso sair um pouco do comodismo, rever as estruturas já sedimentadas. Mostra-nos ainda a receita e os ingredientes necessários: acreditar, lutar, persistir. Deixar para Deus os resultados. Seu plano deu certo; custou persistência, sofrimentos e a própria vida. Um belo filme, rico de realidade e de ensinamentos. Vale a pena.

Corrente do bem, corrente do amor, da solidariedade. Inventada por Deus, a nós cabe apenas fazê-la funcionar. Está ao alcance de todos, nas grandes e pequenas ações e se nutre de inúmeros ingredientes, de tudo aquilo que, de uma maneira ou de outra faz bem ao outro. Cada um dá o que tem, basta que isso seja feito com alegria...

Na vida prática as coisas que dependem de persistência são as mais difíceis. Gostamos de barulho, de espetáculo; vivemos de arroubos, de campanhas curtas; entre um ímpeto e outro a coisa não sai do comum e o comum é o que está aí, sem nada que nos orgulhe.

Precisamos da cultura do “devagar e sempre”, mas infelizmente essa tem pouco apoio, não dá ibope, nem oportunidades de bons faturamentos. Não cai na mídia, não progride, não dura...

A corrente do bem funciona numa Civilização do Amor, fartamente pregada por João Paulo II, mas que demora a se instalar entre nós, acomodados nessa “vidinha”, onde cada um cuida de si: não ajudo, mas não atrapalho; distingo muito bem minha vida da dos outros, etc...

Corrente do bem, corrente do amor, corrente da solidariedade, não importa o nome, a matemática garante: 1, 3, 9, 27, 81, 243... e, em pouco tempo, teremos todos contaminados...

Afinal, o mundo só tem solução se trabalharmos juntos pelo homem...

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