Crônicas? Ah, sim.
A crônica, toma ela as mais diversas conotações, inesperadas no mais das vezes, justamente porque, as autênticas, essas nascem de pronto.
É assentar-se o autor e dar vazão espontânea ao produto da mente.
O zumbido da abelha, se de surpresa, é algo suficiente para dele se constituir o tema. E daí, de todos os modos e maneiras, mil detalhes não ponderados a quase ninguém, neles se registra o fulcro da abordagem.
Tudo sem significar, por isso, esteja-se a imaginar o enfoque de qualquer fato ou eventos outros, que pudessem estar desde logo ou antecipadamente delineados com propriedade, na confortável embalagem da crônica. A predominância nelas é a do repente.
É que redação outra qualquer fora de sua característica, que ensejasse reportagem, descrição de relatos ou comentário e narrativas, de eventos da mais variada natureza, ainda assim, leitores atentos, nela veriam contornos ou respingos, a denunciar atrás de tudo, uma como que disfarçada sonorização de crônicas.
De todo modo, a espontaneidade e captação de pormenores inesperados pelos leitores, cronistas também podem expressá-los em relatos alongados sobre acontecimentos e que tais, ao infinito. Dissertações até e sempre sob o colorido da fluência leve.
É quando a abordagem, mesmo que liberada para a simplicidade, cuida mesmo assim de conteúdos da maior seriedade, noutros estilos embasados de toda circunspecção e seriedade próprias e pessoais.
O cronista lê pensamentos? Não. Tanto que, às vezes, é passível de avaliações que o surpreendam, porque não terá obtido nelas maior repercussão.
Também, em compensação, recebe por vezes loas inesperadas, sobre conteúdos trazidos ao papel, numa quase displicência.
Esses fatos, uns e outros se explicam.
Insuspeito e autêntico, vagueia por caminhos da mais variada sorte, mas também propostos a público com nível, humor e preferências. Não existe unanimidade do falso consenso coletivo. O povo nunca será de voz única.
Quando se vislumbra uma reação com aparências enganosas de unanimidade, ao se fatiar o bolo, somente aí se percebe que nada homogêneo e confiável pode-se deduzir da pretensa voz do povo. Ledo engano no se propalar que a voz do povo seria a voz de Deus.
Bem.
Até aqui houve a tentativa ao menos, de se trazer, como se fora pelas mãos, este comentário à moda de saudação e cumprimentos, da parte do escriba com os amáveis leitores.
A crônica, venha de quem a redige de próprio punho ou do dedilhar num teclado, será sempre como um meneio de cabeça ou toque de mágica. Ocorre sem fazer alarde.
Nasce sem vicejar, até porque flor ou rebento não é. Aparece. De ordinário, não se anuncia a si própria.
E ao se sentir o cronista dela tomado, festeja-se até essa espontaneidade, que nem é tão comum, nem tão genuinamente encontradiça.
Apenas flui.