Dando Cartaz ao Inimigo
Nossa próxima eleição majoritária será, de fato, a primeira na qual poderemos medir o grau de influência das redes sociais e aplicativos na informação ou desinformação do eleitorado em geral. É óbvio que, em termos de mídia, as propagandas nas rádios e televisões, bem como as coberturas jornalísticas e os debates com os candidatos aos vários cargos, não perderão influência só porque houve um aumento considerável da utilização da internet para fins eleitorais.
As redes sociais, principalmente, estão inundadas de material (fabricado ou espontâneo) a favor ou contra esse ou aquele candidato. Mas muitos dos envolvidos nesse embate, sejam eleitores comuns ou ditos “profissionais” do marketing (os famigerados marqueteiros) ignoram uma questão muito primordial. Em termos de conflito cultural (e no fundo as eleições tocam nesse aspecto também) as pessoas em geral não sabem o que estão fazendo.
Quando se quer eliminar a influência de algum candidato, a regra mais básica é simplesmente ignorar o alvo em questão. Isso é técnica gramscista: não fale com o inimigo; não fale do inimigo; não fale das idéias e nem de nada do inimigo. Ele ficará isolado, esquecido, sem margem de influência e sem repercussão alguma. Em vez disso muitos fazem o contrário, dando cartaz ao inimigo.
Acontece que a esquerda no Brasil é tão estúpida (e a grande mídia está no meio desse bolo esquerdista) que faz justamente o contrário. Qualquer espirro do alvo é repercutido. Se é para bem ou para mal tanto faz em questão de repercussão, não interessa. O resultado é que repercute de algum jeito. E se marketing é, entre outras coisas, conseguir alguma exposição, então está se dando margem de influência para o concorrente.
Mal comparando, vamos a um exemplo: por mais que o refrigerante Dolly possa ser considerado "ruim", de tanto fazerem piada disso o produto cresceu em vendas por causa do marketing, que é negativo mas proporciona algum efeito colateral. Tanto isso é verdade que eu garanto que você já foi em alguma festinha e encontrou um litrão de Dolly lá.
Décadas atrás a elite pensante comunista brasileira, que ainda não era assim tão estúpida, fez exatamente isso no campo cultural e midiático. Nomes do pensamento conservador nacional foram eliminados simplesmente sendo ignorados na mídia, nas universidades, nos papos de botequim, etc. Sumiram Gustavo Corção, Alceu de Amoroso Lima, Olavo de Carvalho, Otto Maria Carpeaux, etc. Não sumiram apenas porque vieram a falecer. Sumiram suas idéias e suas biografias. Tudo solenemente jogado na gaveta da História segundo a narrativa da esquerda. Na política, deu-se o mesmo. Isolaram, ignoraram e fizeram o Carlos Lacerda cair no limbo, justo ele que foi o último governador decente que o Rio de Janeiro teve desde a década de 1960 até hoje.
Há, portanto, um erro tático sobre o qual a maioria não se dá conta. A sanha de falar mal de alguém (ou de um candidato) é tão instintiva que predomina sobre a razão no uso da tática do confronto de idéias. Como no Brasil as pessoas são mais treinadas a reagir (emotividade) do que a pensar (inteligência), não há como a tática gramscista funcionar.
As redes sociais podem até alterar em algo a dinâmica das campanhas eleitorais. Mas eleições continuam sendo coisa séria e para gente grande. Devem ser analisadas com sangue frio e sem paixões, caso contrário cai-se na ilusão, na histeria e na frustração.