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Publicado: Segunda-feira, 10 de julho de 2017

De mim para comigo

Tenho uma hora de tempo para escrever. E não porque já saiba diante mão sobre o que discorrer, numa quinta feira de julho. Em São Paulo. Mais exatamente, na Livraria Saraiva, na São Bento.

São quase onze horas.

Em verdade, estou à espera de um amigo recente, singular, tantas são suas qualidades e, sobretudo com muito amor às letras. Professor, gramático na mais elevada das condições. Renomado. Socialmente então, corretíssimo e, por isso mesmo, não vai se atrasar, eu sei. Marcamos para meio dia.

Tudo bem.

A situação está posta.

Daqui de dentro da livraria e no mezanino, escuto a propaganda de loja das imediações, a gritar na calçada fronteiriça.

- Ótica, ótica. Entrem. Ótica, ótica.

Ocorreu-me a dúvida e certa preocupação: ficaria esse senhor dia inteiro nessa repetição igual e calculada? Necessariamente cansativa, imagino.

Vive-se neste Brasil o ano de 2017 e a alta política está na maior ardência. Justamente o mandatário maior do país – embora não eleito para o cargo – sofre mil e uma acusações e busca se defender.

Bem, a menção agora da questão política não teve outro condão do que situar os leitores, no tempo e no espaço, nos detalhes todos. Ah, sim, hoje é dia 6 de julho. Quer dizer, daqui a três dias São Paulo deverá comemorar o 9 de Julho. Salvo se, por cair em domingo, o pessoal pouco se anime.

Bem. A esta altura, se o prezado leitor me acompanha com sua atenção, devo-lhe um expressivo agradecimento. Não invento nem complico e se o amigo ou amiga me acompanham com esta leitura, devo-lhes sim gratidão, pelo que a mim muito me conforta, o de ser lido.

Agora – permita – você e eu, já podemos nos chamarmos exatamente assim: amigos. Não lhe sei o nome. O meu: Bernardo, a seu dispor. Se pelos imprevisíveis passos da vida nos virmos, lhe agradeceria desde já o identificar-se. Bacana demais.

Bacana? Pronto. Escapa-me um vocábulo que se insere na conceituação de gíria apenas. Mas que o dicionário me perdoe a espontaneidade, até porque o próprio livro-mestre, também estende o seu significado e até o exemplifica com sinônimos mais precisos: bom, excelente, bonito, elegante. Terei acertado então na surpresa deste encontro imaginário. Boa sorte, amigo.

Hummm... Aquelas chamadas e convites referidos ali atrás, continuam mesmo: Entre, veja. Ótica, ótica. Aliás, nem tinham tido intervalos. Eu é que me centrei neste bate papo simplório e aqui presa ficou toda minha atenção.

A esta altura, assoma outra ideia, aquela de que faz tempo não comento futebol. Dá para entender, porém. O desditoso São Paulo, de gloriosa fama tem tropeçado seguidamente. Ontem, houve substituição de técnicos. Entristeceu demais essa dispensa de um nome que, dentro do campo e debaixo das traves, lavrou uma incomparável carreira de goleiro exímio. De sobra, um cobrador de faltas e pênaltis, como raramente se terá visto aqui e no mundo.

Como não estou em casa no momento, o texto, originalmente, é redigido com o auxílio de uma caneta de escrita fina. Muito boa por sinal.

Amigo ou, quiçá, amigos, seja-nos de sol este dia 6 de julho. Se a madrugada se fez gélida, um ar mais morno já autoriza se tire o agasalho.

O título deste colóquio – De mim para comigo – resultou superado. Na verdade não falei sozinho. Todos vocês me acompanharam.

Que bela manhã.

Onze e trinta, exatos.

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