De olho neles!
O que a voz das ruas trouxe à tona, não pode ser esquecido jamais.
Junho há de ser um mês em si mesmo, celebrado de modo a inscrever-se nos anais deste país.
Junho, de 2013.
Daqui para frente, contudo, é imprescindível que os brasileiros fiquem atentos.
Qual dos políticos pôs a cara na mídia durante os primeiros dias das passeatas? Não seriam eles os representantes do povo, os primeiros a perguntar aos eleitores porque se exaltavam tão de repente? E o medo?
Enfurnaram-se e certamente nem quiseram aparecer em locais públicos.
A Presidente, ela enfim, fez um pronunciamento inicial e deixou a impressão de ter atribuído importância ao levante cívico nacional. Tinha ela sentido o peso da manifestação popular, até inoportuna do povo àquela altura, que nem discurso fez no Estádio Mané Garrincha. Voltou à carga e sopesada e apoiada então pelo senso da Nação em pé, deu a reconhecer a quem quisesse e não quisesse ouvir, que o povo reclamava uma tomada de posição imediata.
Vieram então suas propostas inicias de aproximação com os eleitores, através de verdadeira injunção aos senhores políticos de todas as camadas, a acordá-los, porque a hora era grave.
No bojo das sugestões, duas particularíssimas, sem se deixar de considerar também urgentes as demais. Como tantas outras que fatalmente vão aparecer, numa nação tão ultrajada pela afronta, ousadia e desprezo de seus representantes. Meros usuários do dinheiro público repartido entre si, com o maior descaramento.
As duas premissas mais vivas: a de recolher a insidiosa PEC 37 e a da almejada reforma política.
Quanto à primeira, já estava sacramentada a aprovação entre eles quando, no início das passeatas, seguiu uma ordem ao presidente da Câmara (ele estava na Rússia!), para que de lá determinasse imediata suspensão da votação, prevista para a quarta feira passada, 19. Uma virada sensacional: menos de uma semana depois, nesta terça última, 25, a PEC 37 foi exterminada por 430 votos favoráveis à rejeição, contra 9 votos a favor. Pode, uma safadeza dessas? Imprimiram-se os políticos a si mesmos um atestado de vilania.
De olho neles!
Na aspirada reforma política, queixam-se os políticos de que a Presidente lhes havia atirado no colo problema que sempre vergonhosamente adiaram, legislatura após legislatura. Mesmo assim, hábeis e escorregadios, começam todos, maioria e oposição, a surgir com propostas de homens bonzinhos. Que seja assim, que seja assado, proclamam.
De olho neles!
Se couber aos mesmos homens sentados lá em Brasília, favorecidos de todas as maneiras, cuidar sozinhos da matéria, dá para adivinhar o que vai acontecer. O Brasil não pode ser ludibriado de novo.
Plebiscito e uma livre e aberta participação popular, eis que nomes dignos fora da política e descompromissados deveriam acompanhar de perto os passos daquela gente. E plebiscito é para sacramentar ou não. Se vierem com balelas, as ruas e praças se encherão de novo. Olho vivo!
Um exemplo, não se sabe se cômico ou desavergonhado mesmo, o caso do excelentíssimo presidente do Senado, visto no Jornal Nacional, a esbravejar como se patriota fora, a dizer que mandaria logo dois projetos, o de passe livre aos estudantes com frequência comprovada e, pasmem, o de que a “corrupção” seja considerada “crime hediondo”. Logo ele, justamente por esse e mais motivos obrigado a renunciar ao mandato anterior! Há sinceridade nisso? O mesmo homem, de eleitorado cativo na ingenuidade do povo simples de seu estado, que voltou depois e, apadrinhado pela mãozinha do homem do Maranhão, guindou-se a tão elevado cargo, na mais nojenta barganha, a negociata de apoio político. Haja paciência.
Os integrantes do Movimento Passe Livre recolheram-se disciplinadamente por considerar que o móvel das passeatas tinha sido vitorioso, ou seja, retorno do preço das passagens de ônibus ao valor antigo. Eles ao todo não são mais que quarenta pessoas e certamente não imaginariam a formidável repercussão conseguida. Mas, de qualquer forma, se lhes deve gratidão, tanto mais que são liderados por um moço de dezoito anos e uma jovem de vinte e três.
Políticos de todas as esferas, - federal, estadual e municipal, - é necessário acordá-los e, na sua quase totalidade, simples e oportunamente substituídos. Essa a verdade.
De olho neles, lá em cima e aqui em baixo!
Ah, e tem um detalhe e este cabe ao povo.
Não é hora de promover greves e arruaças nem vandalismo. Sim, existem muitas e muitas reivindicações a serem elencadas, além das postas em voga no momento.
Calma, porém.
Por ora, alvoroços só favorecem a eles... os políticos.