Demônio X dinheiro
Como já salientei há algum tempo e por diversas vezes, na atualidade pouco se cogita do demônio, capeta, satanás e outros sinônimos. Todos se preocupam em levar boa vida e, evidentemente belzebu é má companhia, pois cria casos, motiva brigas, separações “et caterva”.
Essa boa vida, acontece, depende muito do dinheiro para se tornar viável. Demônio e dinheiro, então, comprometedora e paradoxalmente se unem em união perfeita e indissolúvel.
O dinheiro desde sempre, tomou conta do mundo. Temas e assuntos sobre ele prevalecem em todos os âmbitos, sendo que em finanças e economia diariamente se discutem sobre juros, câmbio flutuante, PIB, “superávit primário”, etc.
Para o povão, que em permanente salário deficitário pouco ou nada entende sobre tais assuntos, políticas governamentais criaram o PAC e se estenderam generosamente com o “bolsa família”.
Assim, a crise enfrentada pelo mundo, no Brasil passou como simples “marolinha” (embora o endividamento dos brasileiros chegue ao recorde de 555 bilhões de reais! – Estadão de 16/2/2010-). Inobstante tais evidências o povão praticamente continua na mesma (o Presidente até soltou um palavrão num dos seus “arroubos” de oratória, para estigmatizar o momento).
Escrevi alhures: “o brasileiro desesperado e carente de instrução ( pois disso não se cogita de maneira eficiente), não sabe o que fazer. Aí entra o demônio todo sorrateiro, com suas mercadorias de primeira linha: bebida, jogos, prazeres (drogas para os mais avançados na escala dos vícios) etc.
Aqueles que “seguram as pontas”, os mais religiosos , também se sentem ameaçados e intranquilos, pois não acham mais tempo para rezar, dedicar-se a boas leituras e outras atividades tonificantes do espírito. O demônio , a essa altura, esfrega as mãos, regosijante com o próprio sucesso”.
A ecumênica Campanha da Fraternidade deste ano (2010) aborda o tema “economia e fraternidade”, razão pela qual é conveniente relembrar algumas citações evangélicas que dizem respeito à riqueza, objeto máximo das ciências econômicas.
A básica é aquela: “caros filhos, quanto é difícil aos que confiam nas riquezas entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo da agulha do que um rico entrar no reio de Deus.” (Mat.XIX.16/30). Os ricos devem por “a barba de molho” e cuidarem de não ter apego demasiado ao dinheiro.
Usufruir do conforto material, mas não se olvidarem de ajudar ao próximo (a começar pelos mais próximos, como parentes e amigos). Os pobres também precisam se conscientizarem do próprio estado e não ficarem revoltados, inclusive desejando todos os males para o seu próximo rico ou melhor situado na vida.
E o demônio, como fica? Que vá espernear nos labirintos de sua torpe morada.