Publicado: Domingo, 13 de abril de 2008
Dengue? É o fim da picada!
Espanto, poder público inerte, sociedade medrosa, epidemia com “E” maiúsculo. Essa é a combinação bombástica de verão + chuvas + mosquitos. Acrescento a esses ingredientes um empurra-empurra de culpas e lamentações que nada adiantam no momento da crise instalada.
Nos últimos dias tenho recebido dezenas de sugestões inovadoras para o fim da Dengue. Santa bobagem! Estamos em Epidemia.
Não fizemos o óbvio, não cuidamos de casa e agora todos sucumbem de medo de um mosquitinho sem vergonha...
Não há soluções mágicas. A guerra é contra os criadouros de mosquitos e em velocidade acelerada.
Multiplicam-se os casos suspeitos, inseridos no dia a dia das pessoas menos desavisadas sobre criar mosquitos clandestinamente e que ajudam a doença a ganhar forças de tragédia anunciada.
Funciona assim: alguém viaja para uma zona de risco, volta com a doença e aqui onde o mosquito está vivendo tranquilamente, é mordida por ele e ele (o mosquito!) passa a transmitir a doença para pessoas saudáveis, que nem sequer saíram de sua cidade.
Cada mosquitinho morde dezenas de vezes por dia. É a fêmea procurando comida pra procriar. E essa mordida contaminada tem feito milhares de doentes por dia. Já morreram mais de 80 pessoas no Rio de Janeiro, esse ano.
É hora de alguns cuidados adicionais, mas o principal deles é uma vacina anti-indiferença, para que as pessoas parem de culpar o poder público, ao mesmo tempo em que fecham a porta das suas casas sem fazer seu papel.
É num universo particular que devemos procurar água parada e eliminar o foco do mosquito Aedes. Elimine o foco que encontrar: água nos vasos, nos pote de animais, caixa d’água aberta, vaso sanitário aberto (sem uso), ralos, bandeja de geladeira, pneus, piscina sem tratamento, casas fechadas. É uma tarefa chata? É, você tem razão, mas é inevitável, não pode ser terceirizada e nem deve ter relaxamento de conduta.
No Rio estão sendo convocados técnicos para o controle da Dengue, médicos, supervisores, exército, sociedade, defesa civil, educadores, e por aqui não deve ser diferente. As suspeitas de viroses merecem tratamento unificado: HIDRATAÇÃO, desde os iniciais sintomas de febre, mal estar, dor no corpo, nas articulações, nos olhos e manchas pelo corpo...
A Dengue hemorrágica ocorre quando a febre baixa: portanto, QUANDO A FEBRE VAI EMBORA, o perigo cresce.
Procure sempre um serviço de Saúde para avaliação. Não precisamos criar o caos, precisamos unir conhecimentos e dar velocidade à ação conjunta do poder público e da sociedade.
Aposto que você não sabe, mas por aqui estão aparecendo casos de cariocas que não conseguem ser atendidos no Rio e correm para casa de parentes, trazendo doença e risco para nossa região.
Em três meses, foram notificados mais de 1000 casos suspeitos, mas na ultima semana, um único dia atingiu 100 casos suspeitos novos.
Temos menos de 50 casos positivos (5%), sendo que dois municípios já transmitem a doença para seus moradores. A estória não pára por aí... Temos 250 casos esperando resultados de exames.
O poder público (Federal, Estadual e Municipal) promove há pelo menos 6 meses o treinamento de seu pessoal de apoio, com apelos ao diagnóstico precoce, tratamento adequado e eliminação do foco do mosquito.
Mas... Vivemos num país tropical e esses mosquitos chatos, fazem parte do ambiente que vivemos. Temos que interagir com eles, eliminar seus criadouros e manter patrulha nessa lição de casa cotidianamente.
Esse é o quinto artigo que escrevo sobre Dengue e nos anteriores, tive mais de 1000 acessos e me entristeço em não ter conseguido convencer 1000 pessoas de seus papéis de protagonistas no conjunto desse script.
Agora vejo propostas de óleo de citronela, inhame, repelentes, cravo amarelo, remédios homeopáticos, borra de café, vinagre, etc. Um caldeirão de tolices se isso não vier acompanhado da consciência de que não se deve atirar pedra ou exaltar culpados. Deve-se olhar para o próprio umbigo, ou seja, para dentro de sua casa.
Saibam que o repelente só protege por 2 horas e o inseticida borrifado nas ruas, só protege por 20 minutos... serve apenas para matar o mosquito naquele instante, evitando a transmissão imediata onde há doentes... Portanto, Guerra aos alados !
Faça sua parte, ensine os outros a fazerem a deles e combata esse mosquito de pernas listradas. É a arte da Guerra. E na dúvida, procure um médico – não tente dar conta de uma virose sozinho em tempo de Epidemia.
Tenho temor da ignorância arrogante e da vitimização indignada. Isso não ajudará ninguém. Tenha atitude e ajude!
Comentários