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Publicado: Sexta-feira, 14 de março de 2008

Depressão: Fundo do poço com mola ou ralo?

Depressão: Fundo do poço com mola ou ralo?
Ninguém parou pra pensar o que são 24.400.000 de pílulas antidepressivas consumidas no Brasil, em 2007, colocando nosso país (e, portanto nós mesmos) como um dos 10 maiores mercados de antidepressivos do mundo!
 
Vivemos uma epidemia de Depressão? Não, vivemos uma epidemia de Diagnósticos e Tratamentos. Sentimentos e sensações, muitas vezes intermitentes ou transitórios são hoje considerados sintomas com rótulos e tratamentos.
 
Com isso, perdemos o equilíbrio.
É, porque existe um equilíbrio reativo nas emoções negativas e positivas que fazem parte da nossa natureza.
 
Escolher uma vida sem tristeza, pessimismo ou dor, nos torna presas fáceis às adversidades da vida.
 
Recentes pesquisas mostram que não devemos abolir questionamentos que nos deprimem e despertam a criatividade positiva, nos fazendo crescer e ser mais fortes.
 
A angustia, considerada inimiga numero um da felicidade, nos proporciona inquietudes e insatisfações que são combustíveis para plenitude e criatividade.
 
Pessoas desequilibradamente felizes à custa de remédios, são menos atentas, menos saudáveis e mais suscetíveis a riscos, pois esquecem de dar importância um estado de risco iminente e de apreciar uma felicidade conquistada.
 
A felicidade só com remédios não nos oferece opções boas ou más, e sim apenas opções virtuais que contrapõem aos obstáculos da vida real.
 
Sofrimento produz resistência, caráter e fé, nesta ordem. Não defendo a apologia à dor, mas elucido que a vida sem estímulo é tosca.
 
Há um limite tênue entre o estímulo e a paralisia, mas mesmo assim, o que vemos hoje é que as pessoas se sentem mais confortáveis se estão protegidas por remédios que mascaram a fórmula do crescimento interior.
 
Depressão não é tristeza. A tristeza é uma peça do quebra cabeças e por si só é transitória e reflexiva. A depressão propriamente dita é a somatória dos sintomas de irritação, desesperança, desamparo, pessimismo, anedonia (falta de prazer), angustia e ansiedades persistentes (entre outros).
 
Depressão de verdade proporciona uma leitura de um desequilíbrio de serotoninas, noradrenalinas e dopaminas, neurotransmissores do prazer. Não é um estagio meramente emocional e sim também tem natureza fisiológica e merece aprumamento.
 
A Depressão como doença atinge 5 a 10 % da população do mundo e deve ser seriamente encarada.
 
A tecnologia e avanços na neurociência muitas vezes nos levam a diagnósticos excessivos e superficiais sobre os sentimentos humanos, confundindo-os com doenças.
 
O motivo deste artigo é simples: as pessoas desejam um mundo sem sofrimento, sem dor, sem questionamentos, mas isso levará a uma epidemia pior, de amoralidade, falta de ética e limites, pois se valorizamos a ausência de obstáculos, esquecemos que precisamos de desafios para nos tornar pessoas melhores e maiores e precisamos de freios para respeitar e enxergar o outro.
 
Nem toda tristeza é patológica, precisamos de um equilíbrio entre a tristeza e a alegria pra nos sentirmos saudáveis e esse equilíbrio não vêm só de cápsulas para o enfrentamento do dia a dia.
 
Equilíbrio significa aprendizado, e este só é possível quando enfrentamos nossos leões interiores.
 
Não solucione sua vida só com cápsulas. É pequeno, fácil, indolor e extremamente sem graça e sem sentido. Procure soluções que valorizem também seu raciocínio, conexão e inteligência e proporcionem um holofote sobre sua relação com as pessoas e o mundo que vive.
 
Nem sempre o caminho fácil é o mais curto.
Abaixo a ditadura da Felicidade Banal! Preste mais atenção a você, mas sem querer vencer o stress do dia a dia com overdose de pílulas mágicas...
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