Desfaçatez

Não me lembra tenha escrito alguma vez, ao longo do mais de meio século de crônicas, a respeito do que seja e signifique o vocábulo desfaçatez. Fosse discorrer em termos chulos – recurso que deprimiria o autor que assim procedesse, -  dir-se-ia então  por alto e de passagem, que seria no mínimo o caradurismo de alguém, que não se peja de fazer-se abjeto; um despudorado.

Quando essa má conduta é apenas pessoal e o infrator pelo seu deslize não vai além de si mesmo e não representa ninguém, passa ao largo da indignação de terceiros. Causaria pena, se tanto.

Deixe-se de lado então pelo que contém de nódoa essa temática. As circunstâncias, os fatos, o momento vivido agora, é que insuflam e sugerem considerações dessa ordem.

Permeiem-se pois fato e circunstâncias com menor intensidade. Com mais brandura.

Mesmo assim, faz brutal diferença, no entanto, se uma conduta semelhante e insidiosa envolve pessoas levadas à responsabilidade de relevo nacional, incumbidas de serem os timoneiros de um povo.

Como entender e classificar então o comportamento dos ocupantes das casas maiores do legislativo nacional, agravadas profundamente em deslizes, justamente após a troca marota de mandatário do país.

Exceções, se houver entre eles, políticos todos, contem-se nos dedos.

Na manhã de hoje, 19, no terceiro ou quarto do périplo internacional de Sua Senhoria, o mandatário brasileiro dá seguimento à tradição que enseja ao Brasil a falar na abertura da 72ª. Assembleia Geral das Nações Unidas.

O tema principal de sua fala,conforme se anuncia, vai na abordagem do que se chame ou se considere “Desenvolvimento Sustentável” e também do óbvio e ao mesmo tempo nada confiável, “Proibição de Armas Nucleares”.

Quanto ao segundo quesito, também pomposo no enunciado, é mesmo de insistir que não vai além de uma quimera. O desarranjo internacional que o diga.

Talvez, por fim, ao orador cause (ou nem lhe cause...) somente algum constrangimento, pela circunstância de que, aqui, no seu país, a sua rejeição fique na média entre noventa e noventa e cinco por cento na pesquisa nacional.

Tudo é festa.