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Publicado: Segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Desvendando os Segredos

Quando se aproximava o Dia dos Pais Emília estava muito preocupada.
 
Na escola infantil onde dava aulas os alunos se prepararam durante a semana toda para a festa do Papai. Não falavam em outra coisa senão nos ensaios da peça que apresentariam, no presente, na mensagem, etc.
 
Emília tinha muita pena das crianças que não participavam da festa.
Havia pais que estariam trabalhando e não poderiam vir. Rui e Pérsio haviam perdido o pai recentemente. Ainda estavam muito traumatizados. O pai de Pedro e Carla estava preso...
 
Mas o que mais sensibilizava Emília era a Rosmary que ninguém sabia quem era o seu pai, pois o seu nome não constava em seus documentos.
 
Rosana, a mãe, também era professora e trabalhava no mesmo colégio.
 
Era uma moça muito retraída. A única amiga mais chegada que tinha era a Emília, mas nem esta nem ninguém na cidade sabiam quem era o pai da Rosmary. Diziam as más línguas que nem Rosana sabia...
 
A primeira vez que Rosmary perguntou pelo pai, Rosana disse simplesmente que nem todos têm pai. Ela não tinha.
 
É claro que muito cedo Rosmary descobriu que não era assim e voltou a questionar a mãe que, muito zangada, disse a ela que nunca mais falasse sobre isso.
 
Emilia gostava muito da Rosmary e tornou-se logo sua confidente. Não tardou para que ela lhe falasse sobre as dúvidas que tinha a respeito do seu pai e da vontade de saber quem ele era.
 
Emília prometeu que ia pesquisar e que por certo descobriria isso.
 
Na verdade, não sabia como ia fazer, pois a única pessoa que podia esclarecê-la era a Rosana, mas esta era um túmulo quando se tratava desse assunto. Prometeu a si mesma e contou ao marido que não sossegaria enquanto não descobrisse tudo.
 
 - Eu acho que você não devia se meter nisso. A Rosana tem o direito de guardar seus segredos.
 
 - Mas a Rosmary também tem direito de saber quem é o seu pai
 
 - Mas não cabe a você descobrir isso.
 
 - Hiiih! Do jeito que fala dá até para desconfiar que é você o “artista”.
 
 - Eu????!!!!
 
 - Brincadeira, é claro!
 
Quando Rosmary, já mocinha, começou a interessar-se por rapazes, Rosana advertiu-a dizendo que os homens não prestavam e que era melhor que ela se mantivesse à distância deles.
 
Confusa, a menina foi conversar com Emília que sensatamente a aconselhou orientando-a para uma convivência saudável com os jovens de sua idade.
 
E tudo permaneceu na mesma até que o Bruno apareceu na vida de Rosmary
Começaram a namorar escondido de Selma, pois esta sempre dava o contra nas suas paqueras.
 
Só que agora não era uma simples paquera. Era amor de verdade e o Bruno queria oficializar o noivado. Marcar o casamento para o ano seguinte.
Rosmary resolveu falar com a mãe.
 
Já esperava que ela voltasse àquela conhecida ladainha. Que os homens não prestam que casamento era uma droga, era melhor ficar solteira, etc., mas não esperava uma reação uma reação tão violenta
Desfigurada, tremendo, ela disse à filha que ela não podia casar com o Bruno que ele não servia para ela.
 
Rosmary insistiu. Não podia entender porque a mãe achava que o Bruno não servia para ela. Ele era um ótimo rapaz, bem colocado, de boa família. Ninguém tinha nada contra ele, só a Rosana.
 
Rosana conversou com Emília. Pediu à amiga que fizesse a filha desistir daquele namoro. Ela sempre a ouvia.
 
 - Mas por quê? O Bruno é tão bonzinho!
 
 - Mas a Rosmary é muito nova. Pra que casar tão cedo se sabemos que casamento só traz sofrimento?
 
 - Não é assim também. O casamento pode ser feliz, trazer realizações, filhos, etc.
Rosana viu que nunca ia conseguir a ajuda da amiga. Era evidente que esta estava do lado da Rosmary.
 
Não tinha outra alternativa senão contar a verdade à filha:
 
 - Você não pode casar-se com ele porque ele é seu irmão.
 
 - Meu irmão?! Então o Regis é meu pai?!
 
 - É. Mas espero que guarde este segredo como sempre guardei. Termine o namoro, mas, nem mesmo ao Bruno conte isso. Dê outra desculpa qualquer.
 
Rosmary não podia acreditar no que estava acontecendo.
 
Procurara tanto pelo pai e agora que o encontrara ele lhe parecia de todo indiferente. Um homem casado, aparência séria, dedicado a sua própria família, que não lhe causava qualquer emoção.
 
Nada daqueles seus sonhos loucos de encontrá-lo um dia dando uma explicação plausível para o seu sumiço (não conseguia imaginar o que seria essa explicação). Voltando para a sua casa, assumindo-lhe a paternidade, transformando a sua vida e a da sua mãe.
 
Nada disso! E além de tudo ele era o pai do Bruno.
 
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