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Publicado: Terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Dialogar!

"O diálogo é comunicação e nos leva ao conhecimento profundo da pessoa do outro e o conhecimento é condição básica para o amor.”

Uma historinha lida há algum tempo, dizia mais ou menos o seguinte:
"Casados há 6 anos, sem filhos; trabalham fora e só se encontram à noite. No início, um mar de rosas: saíam muito, faziam programas diferentes, iam a festas. Aos poucos foram entrando numa rotina vazia. A mulher, quando em casa, dedica todo seu tempo aos serviços. Não mais conversam como antigamente. Quase sempre cansados, jantam frente à televisão. Quando iniciam um diálogo, logo vêm acusações e reclamações, agressão com palavras ásperas.
 
O marido começou a chegar mais tarde em casa, somente para não enfrentar essa situação.
A mulher acha que o marido não é mais o mesmo: reclama da comida, da roupa, da casa; não quer mais sair; tem feito programas com seus colegas...; 'quero conversar com ele mas não me dá ouvidos'.

Já, para o marido foi sua mulher quem mudou; quem não lhe dá mais atenção, está sempre cansada, indisposta e mal humorada; reclama das coisas fora do lugar...; 'passei a me sentir mal dentro de minha própria casa; às vezes sinto que ela deseja me dizer algo, mas não tem coragem. Hoje, simplesmente nós não conversamos mais'".
 
Real ou fictícia, não é difícil imaginarmos um final desastroso para esse casal; infelizmente, porém, encontramos muitos com um relacionamento semelhante.
 
Estamos inseridos no mundo, na sociedade, nas comunidades, na família. Somos seres "em relação", "em comunicação". Concordamos com um velho animador da TV: "Quem não se comunica, se trumbica!" e ainda com alguns ditados populares, como: “Quem tem boca vai a Roma”, “Conversando a gente se entende...”. São verdades bem aceitas, porém nem sempre postas em prática.
 
É literalmente "triste" e "complicado" quem não consegue se comunicar, expressar suas idéias, seus sonhos e realizações, suas mágoas, ressentimentos, paixões, sentimentos, dificuldades, necessidades. Alguém que não consegue se abrir. Um túmulo, uma caixa preta, um "desconhecido"; pouco ou nada se sabe dele, mormente de seu interior, de sua alma. Difícil conviver com alguém assim...
        
O diálogo leva à abertura. Nosso interior é como uma panela de pressão; se fechar a válvula de escape, explode. Os terapeutas são incisivos: guardar tudo só para si faz mal; é preciso repartir, "botar para fora".
        
Embora "falemos" com gestos, expressões, atitudes, a palavra é essencial. Como uma pessoa vai saber o que o outro pensa, sente, planeja ou espera dela? O jeito é "trocar idéias" sempre: no trabalho, com os amigos, no lazer, na comunidade e, especialmente, na família.
        
O diálogo previne e conserta. É preciso não perder as oportunidades como as refeições e as horas de descanso.
        
O diálogo cria proximidade, fundamental para que a comunhão se estabeleça; comunhão de idéias, de sentimentos, de vida.
        
Parece mesmo um grande paradoxo que, num mundo que tanto investe em comunicação, as pessoas consigam viver “isoladas”, fechadas em si mesmas. Reflexo do individualismo reinante em nosso meio?
        
Capucine Couchet, conselheira matrimonial cristã na França, resume suas idéias sobre o assunto numa frase: “Marido e mulher precisam conversar mais”. De fato, a convivência matrimonial deve ser mais do que o simples compartilhar do mesmo espaço físico; precisa haver compartilhamento dos sonhos, das esperanças e das realizações. Não se pode esperar que tudo seja descoberto ou adivinhado.
        
A falta de diálogo leva ao fechamento, ao isolamento; acabamos tendo monólogos e, ao fim, o silêncio;  em lugar de o casal ser um só coração e uma só alma, acaba vivendo cada um por si, e suas vidas, que deveriam ser entrelaçadas, acabam independentes, paralelas e mesmo opostas. Pode ser o começo do fim. Na verdade todos os problemas começam pequenos e insignificantes. É preciso atenção, monitoramento, para que não se tornem insuportáveis...
        
O diálogo é alimento para o amor. É uma das condições para a felicidade de um casal. É a abertura da alma, buscando o crescimento. Afinal, não conhecemos totalmente a pessoa com a qual nos casamos; essa revelação acaba ocorrendo ao longo da vida de casados, na vivência do dia-a-dia; apoiados no diálogo franco e honesto, o casal vai corrigindo suas falhas, vai vencendo as dificuldades, cultivando o amor e se unindo cada vez mais.
        
As maiores dificuldades para o diálogo conjugal estão na falta de hábito anterior ao casamento, no machismo, autoritarismo, orgulho, cansaço físico e mental, excesso de compromissos, na vaidade, vida social intensa, televisão...
        
As condições que favorecem o diálogo incluem: sinceridade, respeito à opinião do outro, respeito à intimidade do outro, paciência, boa vontade, constância.
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