Diversidades perigosas
Pelo fato de não existir igualdades no mundo, o império é das desigualdades. Temos de conviver com as desigualdades, obviamente geradoras das divergências que por sua vez alimentam as controvérsias, as polêmicas etc., etc.
Tais reflexões me surgem à mente ao ver e ouvir a notícia que a torcida palmeirense, ao sair do Pacaembu no domingo (5/2/11), depredou parcialmente a entrada de prédio de apartamento, por se sentir provocada por fãs corintianos satisfeitos com a vitória sobre o rival.
A provocação foi muito distante (faixas no 4º e 5º andar com o nome Corínthias) e a reação também desproporcional. Mas, nesse mundo agressivo e violento em que vivemos pode-se justificar plenamente a atitude dos inflamados torcedores palmeirenses que obedeceram a cediços princípios psicológicos.
Os corintianos dos 4º e 5º andares se saíram mal e pela imprudência vão arcar com os indesejáveis prejuízos ocorridos. Os seus erros, desculpáveis (exposição de faixas em momento inadequado), consistiram em pensar que vivemos em país civilizado onde as normas e os ideais democráticos são observados, ou seja, todos têm o direito de se manifestarem livremente com amplo respeito ou tolerância pelas opiniões divergentes.
Encontramo-nos, porém, vivendo em incipiente democracia. As divergências e diversidades que temos pela frente no cotidiano, até que podem ser consideradas como bem toleradas e administradas satisfatoriamente até agora, graças às salutares normas de conduta ministradas às gerações anteriores.
As que eclodem com mais frequência e necessitariam de atenção mais eficiente das autoridades competentes, se referem aos apaixonados pelo futebol, como vimos, e aos minoritários adeptos da homossexualidade, volta e meia agredidos fisicamente por moralistas anti-cristãos.
Em rápida reflexão constatamos que a solução desses específicos problemas, só poderá ser encontrada quando os responsáveis pelo comando social se propuserem a implantar o sistema educacional em sua integridade a todo povo, sem discriminações e exceções de qualquer espécie.
Há lampejos de possibilidades que isso vá acontecer com aprimorados cuidados na formação escolar, desde o primeiro grau até o fim do colegial. Acabo de assistir em cadeia nacional de tevê (10-2-2011) pronunciamento da Presidente Dilma Rousseff enfocando com ênfase o interesse do governo em cuidar melhor da educação da infância e juventude.
Com essa excelente notícia só nos resta aguardar que a ilustre Presidente, também, com a “sensibilidade de mulher”, avance em seu propósito educacional, enfrentando o grande desafio de disciplinar a grade televisiva que não cessa de disseminar os maus exemplos, costumes imorais e até desnecessárias informações, como aquela que o pai estuprador de filhas foi morto em rebelião no presídio onde se encontrava preso (tevê e jornais de 8/2/11).
Não coartando tais programações e informações nocivas e desnecessárias, especialmente pela tevê, induvidosamente, os nobres objetivos educacionais apregoados irão para o brejo e tudo continuará como dantes.