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Publicado: Sábado, 23 de julho de 2016

dry martini

dry martini
Obra da escultora Ángeles Anglada

dry martini A torre de controle sinalizou disponibilidade e se preparou para recebê-lo. No horizonte azulzinho de céu limpo ele se alinhou ao aeroporto, baixou o trem de pouso e veio chegando devagar. Saíra de um ponto estroboscópico pequenino lá no longíquo para um gigante à medida que se aproximava. Em terra firme, o corpo de bombeiros aguardava com a luz de emergência acionada, o carro com a escada de embarque estava à postos, o fiscal de pátio já acenava as orientações e uma centena de pessoas se organizava torcendo para que desse tudo certo. De longe, e cansado daquela noite toda no ar, não conseguiu notar, porém agora, com seu farol de pouso aceso, foi impossível não ver a outra aeronave aguardando na pista e com todas as luzes de navegação acesas; sua presença ali de fato era um afronte, mas inevitável. Ele não aceitou e, antes que os pneus tocassem o solo, arremeteu desaparecendo na paisagem. Aos poucos os outros foram embora. Hoje quem passa por lá, lê: "Fechado para pousos e decolagens".

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