Duas palavras, quase nada...
Escrever, o que leva a essa disposição?
Escrever, para quem?
Não foram estas exatamente as palavras iniciais de uma bem elaborada crônica, lida alhures. Algo parecido, que tal texto, dele ora não se tem à frente.
Há pouco tempo.
Ocorre de às vezes serem encontrados escritos excelentes desse teor, de pura divagação, em que o autor parece sair de si e voltar-se a si mesmo. Em tal aspecto então, se outro beletrista lê referida matéria, ah, tenha certeza, se delícia.
Autores que divagam, se de um lado soa estranha sua forma de expressão, criam vínculo direto e automático com os colegas; entre eles se estabelece um elo imediato e saboroso, guloseima não o seja certamente. Mais até que isso, porque enche a alma.
Tomara agora se esteja a conseguir explicar ou transmitir que redações intimistas, sem rebuço de que o pensamento se solte, outros companheiros, nessa hora, se interpenetram. A alma do escriba desliza sem peias e aí, outros, se dados a redigir habitualmente, acabam por infiltrar-se pela mente sonhadora do ou da colega.
Esta proclamação, com jeito de êxtase, nasce agora por sentir-se esta humilde coluna como algo distante, longe, sem comparação com a pureza e domínio das letras do trabalho de alguém e do qual ora se ocupa.
Sente-se, é sabido e constatado, consciência plena, da altura dela – pronto, confessado, é mulher – mestra autêntica na aplicação de vocábulos, para alinhá-los com tamanha leveza e encanto.
Enlevo semelhante a esse, foi assim com o caso aqui exposto recentemente, sobre a decisão do conhecido professor, escritor e jornalista, Rubem Alves, que, surpreendentemente afirmou que iria parar de escrever. Uma despedida de sua coluna (Cotidiano, da Folha). Agradável de ser lido, de tiradas próprias, inquieto, ousado, impertinente quiçá, num sentido mais de exigência. Mas admirado sempre.
Recados como o de hoje, com essa feição de algo estranho ou longínquo, nascem da empolgação que leva a gente a admirar quem realmente conhece o idioma e o engrandece com seu espírito, ou seja, aquela antiga história de que jornalismo não se aprende; a escola, conceda-se, pode aprimorar o dom nato, sem dúvida.
Modernamente não mais se pode repetir aquele chamego tão apropriado de que do bom jornalista, o sangue, já vem tisnado da negritude da tinta preta das antigas tipografias.
Parabéns, menina.