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Publicado: Quinta-feira, 16 de dezembro de 2004

E quem vai defender a vida?

Abortos, eutanásias, células-tronco, embriões, clones, transgênicos...

O que mais? Até onde chegar?

Seria o céu o limite? A criatividade e os interesses é que definem o que será amanhã?

Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Ele apóia a ciência e a técnica, estimula e fica feliz com o progresso, ama o conhecimento humano. Afinal Ele dotou o homem de capacidade de aprender, de crescer em todas as dimensões. Dotou o Homem de capacidade de "explorar" o mundo criado - maravilhoso e perfeito - e de ser feliz nele.

Mas é preciso respeito... Respeitar nossas limitações naturais, nossos direitos e os dos demais seres com quem convivemos; respeitar nossas obrigações e nossos compromissos, especialmente com a vida.

Vida que pertence ao criador e que, colocada de graça e em abundância, deve ser administrada por nós.

Estaria o homem cansado ou mesmo enjoado das "maçantes" tarefas humanas de cuidar desse bem precioso?

Será que, para satisfazer seu orgulho, sua auto-realização, é necessário "brincar de Deus", "manipular a vida", "produzir sementes de vida"? Deus faz isso tão bem, tão perfeito, com tanto amor e não há indícios de que esteja cansado e desejoso de se aposentar...

Chamados à perfeição e santidade humanas, devemos crescer... Mas a exacerbação do nosso orgulho faz com que ultrapassemos os nossos limites...

Resta a pergunta: o que pode controlar os impulsos do homem, motivados pela vaidade, pela soberba e por outros interesses, pouco éticos e nada cristãos?

Resta o perigo: o homem se convencer de que "se basta a si mesmo" e alimentar um forte desejo de viver sem Deus, de querer não precisar d'Ele.

Em nome da vida acaba parceiro da morte. Em nome do sucesso técnico-profissional acaba colhendo fracassos humanos.

Vítima do orgulho, acaba pensando alto, cada vez mais alto e termina com sentimentos baixos, cada vez mais baixos...

O homem pratica abortos para "evitar sofrimentos futuros" de crianças não solicitadas ou mesmo indesejadas. Defende a eutanásia como "atitude humana" que alivia sofrimentos, e “ajuda” pessoas desmotivadas e enfraquecidas a “encurtar” sua jornada. Caridade ou a solução mais fácil e cômoda? Não seria o incondicional apoio cristão mais natural?

"Adultera" sementes para, "com heroísmo e compaixão", matar a fome de tantos necessitados. Solução pró-vida ou pró-interesses?

Manipula células e embriões cheios de vida com o nobre propósito de "salvar vidas".

Estamos preparados para um assunto tão complexo e até sagrado?

Todos nós somos responsáveis pela vida, nosso maior tesouro. Deveríamos estar sempre dispostos a defendê-la, refutando qualquer manifestação de cultura de morte que, infelizmente, pode se instalar em nossa sociedade já extremamente materialista.

Para isso é preciso consciência, convicção e formação, remetendo-nos inquestionavelmente às nossas origens, pois é no seio da família, Santuário da Vida, que encontramos ambiente de paz e alegria, amor e carinho, paciência e compreensão.

A família tem um papel único e insubstituível na vida e na realização do homem, como filho de Deus e como cidadão consciente e responsável.

É no colo da família que se aprende o “sentido da vida”.

A Constituição Pastoral Gaudium et Spes assim define a bela missão da família: “A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal e familiar.”

É claro que desejamos - e até rezamos - para que nossos congressistas impeçam todas as tentativas e alternativas que possam permitir, facilitar ou mesmo estimular tudo o que atente contra a vida.

Longe, porém, de se constituir em alívio para as consciências - já que se restringe ao aspecto legal - somos nós os maiores responsáveis pela defesa da Vida e da Família!
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