Eles viviam num condomínio em perfeita harmonia, até que ...
"O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio". Nicolau Maquiavel, escritor, político, ITA, 1469-1527
O dinheiro e as coisas materiais estão na mente de quase todas as pessoas, e são capazes de mudar e até transformar relacionamentos em verdadeiros infernos. Para vencer a ganância e o egoísmo, precisamos de muito mais ajuda do que possamos imaginar. O ser humano escravizou-se ao dinheiro perdendo o sentido da vida, esquecendo-se que também é sua obrigação zelar pelo Planeta, o seu lar na matéria.
Talvez alguns se lembrem da saga de Rogenas da Silva, a empregada doméstica que em 1999 ganhou em sorteio de um supermercado do Rio de Janeiro, um Mercedes Classe A, e que seus ex-patrões, um casal morador de um dos condomínios mais luxuosos da cidade, entraram na justiça para tirar dela o prêmio.
Na ocasião, Adelino Bulhosa e Sandra Conrado Bulhosa, patrões de Rogenas, alegaram que a empregada tinha obtido os cupons com as compras feitas para eles. Naquele ano, o casal tinha na garagem quatro carros: um Fiat Coupé, um Vectra, uma caminhonete e uma Dakota Sportage.
Bem, ela terminou demitida e processada, inicialmente ganhou a questão, mas os afortunados ex-patrões, finos exemplares de virtude, recorreram ao Supremo Tribunal da Justiça. Os ex-patrões não acreditaram quando ela disse que também havia feito compras para sua casa.
"Conseguimos fazer uma perícia e foi comprovado que os cupons da família tinham sido depositados. A Rogenas fez questão de escrever os nomes dos chefes e dos filhos deles nos recibos. A partir daí, ficou mais fácil provar a inocência dela", disse o advogado Antônio Augusto Pereira Lopes.
Após seis anos de disputa judicial, a doméstica Rogenas recebeu o automóvel Mercedes Classe A, recebeu um carro usado e desvalorizado depois de anos acumulando mofo na garagem do luxuoso condomínio dos Bulhosas - mesmo condomínio onde tem casa o Parreira e o Ronaldo.
"Após toda a humilhação que passei, vou vendê-lo o mais rápido possível e comprar minha casa", disse Rogenas, que mora de aluguel em uma favela de Jacarepaguá, zona oeste do Rio.
Realmente é de se espantar de como muitos bacanas perdem a noção em algumas situações. Mas, nos relacionamentos entre seres humanos, quando o negócio é dinheiro tudo é mais complicado, pois além do poder, entram em cena outros valores, gerando conflitos. Contudo isso não significa que as pessoas devam abominar a riqueza, mas sim fazer dela a correta utilização.