Elvis não morreu (... e mora lá em casa!)
Elvis não morreu. E mora lá em casa. É claro que não faço referência ao famoso Presley, o Rei do Rock. Trata-se de um felino que adotei há alguns meses. Sempre gostei de animais de estimação, mais de gatos que de cachorros. Como resido em espaço pequeno, não posso ter um cãozinho. Criar um gato novamente, depois de tantos anos, foi a solução.
Morar sozinho tem seus pontos positivos. Tem-se tranquilidade quando se quer. Pode-se deixar bagunça pela casa que ninguém reclama. Pode-se deixar a louça acumulando na pia da cozinha. Entretanto, mesmo com a companhia da música e da Internet, além das visitas das amizades, às vezes é solitário demais.
É bom ter um animal de estimação. Depois de um dia inteiro de trabalho, é legal perceber que há alguém feliz por você ter chegado em casa. Um bichinho é uma companhia, sem dúvida. E a relação entre homem e animal vai se estreitando numa bela amizade entre as espécies.
Estava amadurecendo a ideia de adotar um gato quando o Rogério telefonou de São Paulo. No estacionamento de um supermercado, achou um escondido debaixo do carro. Sabendo das minhas intenções, perguntou se não me interessava em adotar o bichano, o que concordei de imediato.
Rogério e sua namorada Adriana cuidaram do Elvis por algumas semanas. Possuem mais de meia dúzia de gatos, então têm pleno conhecimento do assunto. Eles levaram Elvis ao veterinário, deram vacina, fizeram exames de sangue e o alimentaram para que engordasse um pouco. Devia estar há dias vagando pelas ruas, abandonado ou perdido.
Da capital o casal me enviou uma foto de Elvis por e-mail. Gato siamês, o pêlo meio achocolatado, as patas e a ponta do rabo, bem como o focinho, negros. E os indefectíveis olhos azuis originais de sua raça, que quase me fizeram batizá-lo de Sinatra, em referência ao intérprete norte-americano.
Apesar de gostar muito do Frank, seu estilo de vida não combina com o meu. Então resolvi batizar o gato de Elvis, pois meu ritmo de viver tem muito mais a ver com o rock do que com uma orquestra. O nome pegou e imediatamente meus círculos de amizade familiarizaram-se com o novo morador da minha casa.
No início Elvis foi tímido ou estava com medo. Estranhava sua nova morada, enfiava-se debaixo da cama e de lá não saía. Aos poucos fui me atrevendo a tirá-lo de sua defensiva, mostrando que não havia perigo. Ele foi reconhecendo o terreno e percebendo em mim um amigo, não uma ameaça. Sem demora passou a reinar pela casa, ao ponto de hoje afirmar: não é ele quem mora comigo, mas eu é que moro com ele.
Elvis já adquiriu certas manias. Algumas úteis, como a de me acordar diariamente às 6h pra tomar café. Café dele, não o meu. Outra manias são irritantes, como fazer bagunça na caixinha de areia justamente depois de eu limpar o banheiro. Também já aprontou umas e outras: quebrou uma das peças do meu tabuleiro de xadrez de vidro; derrubou minha coleção de revistas do armário; molhou-se brincando com a água do vaso sanitário, etc.
E como ficar bravo com o bichano diante daqueles olhos azuis enormes, quando fica de barriga pra cima justamente pedindo desculpas, numa chantagem emocional digna de um ser humano? Não dá pra se zangar. Quem não deseja tais contrariedades no cotidiano, então que não adote um animal de estimação. Não basta ser dono, tem que participar.
Post Scriptum: Detectada nova mania felina: o Elvis ronca!
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