Em busca de outras plagas

Passou batido um comunicado, em estilo de desabafo, no Jornal Periscópio de 8 de março, página 3, na coluna do leitor.

Numa peroração até muito extensa em relação às notas que ali se publicam, o cidadão anuncia que estava a desistir da cidade de Itu. Teria vindo para cá esperançoso, mas, no seu dizer, estaria irremediavelmente inconsolável, pelo que cuidava de transferir-se para outro lugar.

E diz porque, com todas as letras.

Se teria razão ou não, aí residem algumas considerações úteis e que, quem sabe, escapariam a ituanos menos atentos. Tanto vale a pena ocupar-se do assunto, até para se chegar a uma conclusão de que talvez esse personagem pudesse ter-se extrapolado no seu descontentamento. Como também, de outro lado, mesmo com rubor na face, dar-lhe razão, se não no todo, talvez em parte.

Alguns tópicos do seu reclamo.

O de que pouco ou nada muda em Itu porque os “donos do poder tanto econômico como político” não autorizam...

Quanto aos “exageros”, estariam eles nas entranhas da cidade, tanto do lado bom, como do lado ruim.

Declara-se inconformado com a falta de água na cidade, problema vigente desde a privatização dos serviços, em 2007, além de ter ele sofrido brutal elevação na taxa de consumo.

Observa ele que as ruas dos bairros estariam esburacadas, com efeito negativo para a recepção das duas delegações que farão sede temporária aqui durante a Copa do Mundo. Aproveita para se queixar contra a queda de energia em dias chuvosos.

E levanta mais questões: por que não existe em Itu um distrito industrial definido e porque novas empresas não se estabelecem na cidade?

Diz também não entender o motivo das dimensões enormes do prédio da Prefeitura e que quando ali esteve ficou com a impressão de que ninguém trabalharia por lá, eis que quase não se notam os funcionários.

Consigna a certa altura uma crítica direta aos ituanos, procedente ou não. Cada qual que responda por si. Verbera aquilo que ele clama de passividade e inércia do povo local, que a nada reage.

Conclui o cidadão de que muito mais teria a mencionar e que, fossem abordadas todas as questões, não caberiam no jornal.

Com todo respeito para com o prezado e desiludido depoente, tem-se como direito seu de se expressar, sem prejuízo de que os demais cidadãos reflitam sobre tais ponderações.

Uma boa oportunidade.

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Em tempo, uma curiosa coincidência.

O tema acima, ainda no prelo e já dado por praticamente concluído, eis que acontece antes uma ida ligeira a Sorocaba. Por passar ao lado do Shopping Pátio Cianê, cuidou-se de entrar, mesmo que de mera passagem. O prédio em si, a antiga Tecelagem Cianê, foi primorosamente aproveitado, com muitas partes originais expostas, mercê de terem sido mantidas as mesmas formas primitivas de seus contornos, adornos e retoques, tudo em tijolos à vista.

Adveio, instantânea, em inevitável comparação, a imagem da Companhia de Fiação e Tecelagem São Pedro, infelizmente apenas subaproveitada e, mesmo assim, só parcialmente.