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Publicado: Sábado, 1 de maio de 2010

Enfim, a verdade

Em nossos escritos, não acháramos oportuno – embora sempre entendêssemos necessário -, discorrer sobre o tema verdade, dado a aridez que eventualmente o envolve e a dificuldade em sintetizá-lo. Mas é chegado o momento de começarmos a encarar o fundamental assunto. Aliás, a verdade é tudo, pois Jesus, Deus dos Cristãos, em frase lapidar – cediça e vulgarizada –, celebrizou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Ego sum via et veritas et vita).

 Saber o que é verdade, portanto, é de importância capital. Sem dúvida alguma, por ignorá-la e ao mesmo tempo cultivar a mentira e suas ramificações maléficas (hipocrisias, insinceridade, enganos, falsidades) a sociedade contemporânea se encontra abarrotada de guerras, crise, tragédias.

 Esclareçamos de uma vez: O que é a verdade? A verdade é aquilo que é. Conceito esse mui próximo da célebre definição de Isaac Israeli: “A verdade é a conformidade da inteligência com a realidade” (veritas est adaequandio intellectus ad rem). A flor é uma verdade, o gato, os animais, nós.

 O sol, a terra, os astros, o mar, os rios, as montanhas são verdades. Tudo existe, (ipso facto), é verdadeiro. A mentira é exatamente o contrário: o que não é. Se alguém disser que o sol não existe, nem os animais nem as flores, nem nós mesmos, é um mentiroso, um falso.

 Mas, as ações, fatos e acontecimentos humanos se multiplicam ad infinitum – e se o princípio da verdade não imperar –, induvidosamente tudo poderá se transformar em mentiras e bandalheiras. As tremendas conjunturas nacionais são consequências, fundamentalmente, da ausência da verdade.

 Sejamos mais claros: se o governo tributa excessivamente, deixa de ser verdadeiro, porque conhece de antemão o próprio exagero e a incapacidade pecuniária dos seus súditos; estes, por sua vez mentem, isto é, sonegam ao máximo, escudados ao menos, no incontestável provérbio: “Ladrão que rouba ladrão, mil anos de perdão.”

 Precisamos, porém, voltar especificamente ao assunto verdade. Cada indivíduo pode ter a sua verdade ou entendê-la a seu modo, mas é evidente: todos que acham que um gato é uma onça, um leopardo, uma jaguatirica, um tigre, uma pantera, laboram em erro e tal modo de pensar não vai transformar o gato naquilo que eles pensam.

Em outras palavras, a verdade, objetivamente considerada, é só uma. Isto significa ainda que podemos errar, falhando na descoberta da verdade e, consequentemente, seguir caminhos falsos e tortuosos. Temos de nos precaver, portanto, e de procurar bons timoneiros para nos acompanhar – sem erros ou enganos comprometedores –, na travessia de nossas vidas.

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