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Publicado: Terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Espírito de corpo

ESPÍRITO DE CORPO

 

Espírito de corpo, uma expressão que pode ser usada, quando se faz referência à condição de proteção e resguardo de interesses, mutuamente, em alguma associação, entidade ou similar.

 

O mesmo fenômeno vem referido também com o vocábulo “corporativismo”, este porém eivado de uma certa conotação pejorativa, mesmo que dissimulada às vezes.

 

Seu entendimento e sua interpretação conduzem sempre a uma idéia de incerteza, irresponsabilidade, de dúvida e desconfiança.

 

De se inquirir do povo em geral, do laicato político, sem acesso aos meandros obscuros da vida em que pontificam os poderes todos de Brasília, se alguma vez ouviu-se falar em cartões corporativos. De Brasília, mas com passagem nos estados e municípios. Não há registro de menção anterior a tais cartões.

 

Então.

 

O noticiário, a mídia como um todo, no enfoque da escadaria infinita e malsã das corrupções de toda ordem, parou nesse degrau, para se ocupar agora dos malfadados cartões corporativos. Tudo bandalheira, na maior desfaçatez de avanço fácil no dinheiro público.

 

De pasmar.

 

O mais curioso da história.

A esses cartões – na realidade um cartão comum cujo uso praticamente baniu de se portar dinheiro ou a cansativa emissão de cheques junto ao comércio, - tem em si o diferencial de se erigirem em cartões de débito, unicamente.

 

Seja feita a diferenciação. Qualquer cliente de banco se serve de cartões de dupla aplicação, ou seja, ou de crédito ou de débito. Claro que toda vez que você for pagar alguma aquisição ou conta, se juros não há, opta pela modalidade de crédito. Ganha uns dias.

 

Os cartões corporativos, apenas aplicados sob débito, em nenhum momento intimidam ou fazem pensar os seus usuários. Sim, o débito é imediato, junto ao banco, mas não na conta do emitente e sim do Governo. Gostoso dispor de dinheiro para todos os fins, sem explicar nada a ninguém e sem mexer nas próprias finanças.

 

Viva o Brasil.

 

Acrescente-se que ditos cartões - ou malditos  – se prestam inclusive ao saque de dinheiro vivo. Um nojo.

 

O interessante nisso tudo é que, embora a oposição de hoje tenha sido situação de ontem, e a oposição de ontem seja situação hoje, o uso desavergonhado dos cartões vige de longa data, desde o governo anterior ou sabe-se lá desde quando. Ficou escondidinho num pacto velhaco – o do corporativismo.

 

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