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Publicado: Segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Estava Escrito

Desde quando sua amiga Jurema foi trabalhar nos Estados Unidos, Yeda começou a pensar em ir também. Só que ela não era corajosa como a outra e mesmo sabendo do seu sucesso na Terra do Tio Sam não tinha coragem de aventurar-se, enfrentar o desconhecido.
 
Mas, surgiu-lhe uma oportunidade quando recebeu um e-mail da Jurema dizendo que havia uma família portuguesa, sua conhecida, que ia passar um mês nos EEUU e pediu-lhe para arranjar uma babá para as crianças, que falasse português. Interessava pra ela? Passar um mês nos States, ganhar uns dólares?
 
Quinze dias depois Yeda estava lá, conhecendo seus novos patrões. Albertina e Caetano eram muito simpáticos, os filhos, adoráveis. Yeda gostava muito de crianças. Ser babá por um mês ia ser muito divertido E havia ainda o Paulino, um belo rapaz, irmão de Adelaide e sócio de Caetano que mexeu com o coraçãozinho de Yeda, assim que o viu.
 
A temporada foi tranqüila. Yeda se deu muito bem com as crianças e estas se apegaram muito a ela. Quando o casal saia, Yeda ficava no hotel com as crianças ou levava-as para passear pelos arredores. Quando ficavam descansando ou saiam com os filhos, ela podia folgar, fazer o que quisesse.
 
Paulino era sua companhia constante. Se ela estava de folga, levava-a a passear pela cidade, se não, ficava ajudando a cuidar dos sobrinhos. Não demorou muito para criar um clima romântico entre eles, mas Yeda não queria começar um namoro fadado a terminar em um mês.
 
Eles eram muito diferentes. Ele era rico e ela uma simples empregada de sua irmã. Além disso, em breve haveria milhares e milhares de quilômetros entre eles. Era melhor aproveitar sua companhia sem maiores comprometimentos.
 
Nunca um mês passou tão rápido para Yeda. Num piscar de olhos acabou seu tempo de Cinderela. Albertina convidou-a a ficar com eles. Todos tinham gostado muito dela. Ela poderia continuar cuidando dos pimpolhos, lá em Portugal. Mas Yeda não aceitou. Tinha compromissos de trabalho e de estudo no Brasil, família, amigos. Gostou muito da experiência, mas não era essa a vida que ela queria para sempre.
 
Yeda e Paulino começaram a corresponder-se com freqüência. Yeda sabia que seu sonho era impossível, mas não conseguia deixar de sonhar. Nunca conhecera ninguém tão simpático como o Paulino. Depois dele todos os rapazes com quem conversava lhe pareciam sem graça.
 
Cada postal, cada e-mail que chegava acelerava seu coração e levava-a a alimentar cada vez a esperança de que, de repente, acontecesse alguma coisa para novamente aproximá-los. E acabou acontecendo. Um belo dia ela recebeu um telefonema da Adelaide dizendo que tinham resolvido fazer uma viagem pelo Brasil e que queriam que ela os acompanhasse.
 
Yeda não podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Ia rever aqueles a quem tanto tinha se afeiçoado, as crianças e, principalmente, o Paulino. Sabia que, mais uma vez, seria por pouco tempo, mas não queria nem pensar nisso. Ia curtir o quanto pudesse e depois... seria depois...
 
A viagem foi maravilhosa! Eles quiseram conhecer as principais cidades turísticas, as praias do sul e do nordeste. Yeda viu muito de sua própria Terra que ainda não conhecia, mas, o melhor de tudo foi à companhia do Paulino.
 
Mais uma vez o tempo voou e chegou a hora da despedida. Até quando? Será que ainda se veriam um dia?
- Se estiver escrito nas estrelas, sim! Afirmou o Paulino.
 
Yeda achou muito vaga a afirmação, mas quando olhava o céu nas noites estreladas, pensava:
- Quem pode saber o que está escrito no misterioso livro dos destinos?
 
Mais um ano se passou. Yeda sonhando seu sonho impossível, mas gostoso de sonhar! Quando se aproximavam as suas férias, recebeu uma carta de Adelaide convidando-a para passá-las em sua casa, em Lisboa. Não admitia recusa! Mandou até a passagem de presente.
 
E lá se foi a Yeda viver mais um pouco o seu romance.
E, então veio a surpresa:
Paulino e Caetano gostaram muito do Brasil e resolveram montar uma empresa aqui, sucursal de suas indústrias em Portugal e quem viria administrá-la seria o Paulino.
 
Yeda começou a alimentar a esperança de que tudo acabaria em festa, pois já não tinha dúvida de que o que atraiu o Paulino ao Brasil não foi tanto a perspectiva de bons negócios, muito menos as nossas belezas naturais...
 
E, finalmente, a esperada pergunta:
- Quer se casar comigo?
É... Estava escrito nas estrelas...
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