Eu sento e escrevo...
Eu sento e escrevo...
Quando nada mais posso fazer.
Quando minha impotência fala mais alto do que minha esperança.
Quando minhas palavras se tornam fracas e sufocadas.
Quando esqueço momentaneamente de quem sou, do meu poder de brilhar e iluminar.
Quando me sinto menor do que um grão de areia, porque não posso ajudar as pessoas que amo.
Quando não vejo onde termina o túnel escuro e opaco.
Quando meu corpo avisa a dor que foi calada.
Quando o coração dói de desespero sem casa.
Quando o inacreditável habita a certeza de sanidade.
Eu sento e escrevo...
Para que meus dedos desenhem minha tristeza.
Para que meu amor se espalhe para além da dor.
Para que um sinal aponte as respostas.
Para que minha intenção proteja.
Para que uma brecha de verdade se abra.
Eu sento e escrevo...
Porque há momentos em que temos que nos recolher em nossa pequenez.
Porque nem sempre é possível ajudar, ainda que seja de genuína vontade.
Porque escrever é arte que conecta à vida.
Porque a alma precisa habitar a concretude das palavras.
Porque viver é mais forte do que lamentar.
Sei lá porque escrevo. Acho que é por pura teimosia, porque meu ser não aguenta o silêncio do grito.
Escrevo porque acredito.
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- deborah dubner