Eu te odeio!
Os que têm profunda predileção às letras, obrigatoriamente, percebem em si um enorme apreço pelo poder das palavras. De fato, a importância do que sai da nossa boca é bem grande. Uma palavra pode ser uma bênção, um agrado. Porém, outra palavra pode ser uma maldição, um desejo ruim.
Hoje em dia, com tantas “liberdades”, muita gente fala o que quer. Então, escuta o que não quer e acaba falando mais ainda. Nem sempre são palavras de conciliação, de entendimento. Na maioria das vezes são palavras de conflito constante, contradições sem fim.
É obrigatório preocupar-se com as palavras que saem da nossa boca. E isto porque a boca fala daquilo que o coração está cheio. Nossa língua é uma das extensões da alma. Dependendo do estado de espírito no qual nos encontramos, falamos isto ou aquilo.
Desde há muito tempo, quando me percebi um amante das palavras, passei a avaliar o que digo, o que penso e o que vivo. Passei por muitas coisas, mudei de pensamentos e atitudes. Na minha evolução pessoal, posso afirmar que sou um tanto diferente do que fui outrora.
Tal constatação não humilha, mas conforta. Pedra que não rola, cria limbo. No grande barranco da vida, vou girando e aprendendo. Mudando e melhorando. Até mesmo no linguajar, na maneira como digo o que penso e na consciência de como isso afetará as pessoas que estão ao meu redor.
Depois de muito tempo e de várias experiências, fiquei surpreso ao constatar que jamais usei o verbo “odiar”. Nunca, em toda a minha caminhada neste mundo, proferi a frase: “Eu te odeio!”. Não conto isto para parecer bonzinho. Não partilho isto para me sentir melhor do que os outros. É apenas um novo fato no meu processo de auto-conhecimento.
Descobrir que o verbo “odiar” não faz parte da minha vida tem enorme significado. Posso estar estressado, muito bravo e irritado; posso estar “p da vida”; posso até estar com raiva; mas “odiar”, nunca! Odiar é forte demais... Odiar é o anti-amor, é o sentimento de destruição e de eliminação, egoísta e cruel.
Tentei lembrar de algum momento em minha vida no qual eu teria dito, para alguém ou em alguma situação, um “Eu te odeio!”. Não achei isto em minhas lembranças. Mas se esta frase é constante na vida de alguém, é preciso pensar: algo está errado! E se está errado, precisa ser resolvido... Ninguém ama plenamente se odeia alguma coisa!
Visite o seu vocabulário. Perceba o que anda saindo da sua boca. O que sua língua diz de você mesmo, do seu interior? Como andam seus sentimentos e sua postura diante dos desafios da vida? Será que encara as dificuldades como aprendizado? Ou simplesmente as encara, pessoas e situações, com o terrível desejo do ódio?
Pensando agora em quem lê estas letras, carrego em mim o profundo e sincero desejo de que jamais utilizem em seu cotidiano este odioso verbo “odiar”. Pois assim saberei que não vivem com o mal dentro de si e na própria vida. O caminho entre o “odiar” e o “amar” certamente não é fácil. Mas é para aprender esta grande lição que estamos neste mundo.
Amém.
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