Ficou verde mas não ficou claro

Tenho escutado o termo verde associado à sustentabilidade, mas, infelizmente, tenho visto ele carregado de confusão ou entendimentos perigosamente superficiais.

Ser verde virou quase sinônimo de sustentabilidade. O problema é que o termo verde surgiu nos EUA (green) no início do movimento da sustentabilidade. Naquele momento o aspecto ambiental tinha um papel central, pra não dizer o único papel, numa visão de sustentabilidade. Mas isso mudou, e mudou porque era importante que mudasse, e o retrocesso neste entendimento é perigoso.

Hoje, quando fala-se em sustentabilidade, existem, pelo menos, três pilares fundamentais, sem os quais, não estamos falando de sustentabilidade de forma consistente. O aspecto ambiental é um deles, mas existem ainda os aspectos social e econômico. O termo verde é resquício do período em que a questão ambiental era central na sustentabilidade, mas ele não pode servir pra confundir o entendimento e permitir um retrocesso na compreensão sobre sustentabilidade.

As propostas verdes, tanto no âmbito mercadológico, corporativo como político, referem-se à construção de estruturas voltadas à sustentabilidade no longo prazo prezando as três vertentes da sustentabilidade, não apenas uma. Não adianta preservar o meio ambiente sem que isto seja economicamente sustentável, por exemplo, pois isso não sobreviverá no longo prazo, e o segredo aqui é, justamente, pensar no longo prazo.

O mesmo se aplica no âmbito social. Uma organização deve ser sustentável economicamente, mas deve ser socialmente responsável e sustentável. Estes valores devem prevalecer para todas as organizações, incluindo o Estado, e devem ser, também, guia para uma sociedade, pois uma sociedade é também uma organização.

Enquanto não compreendermos que a sustentabilidade é o valor mais importante hoje e compreendermos que ela envolve estas três vertentes, continuaremos construindo modelos antigos para um mundo que demanda modelos novos. E aí, o verde vai estragar antes de amadurecer.