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Publicado: Sexta-feira, 6 de junho de 2008

Fim da Privacidade

Viver não é fácil. Não estou me referindo à vida dos milhões de pobres e miseráveis com todas as carências. Esse é o estágio mais triste da civilização com o qual devem se preocupar os dirigentes da sociedade e, nós outros, também, melhor aquinhoados.
 
Refiro-me, nesta crônica, às pessoas que já superaram aquele estágio ou sempre viveram com conforto, embora mínimo (não esquecer que o Brasil é país emergente, onde a maioria se encontra em dificuldades econômicas). Outros tipos de dificuldades parecem aumentar dia a dia e todos as aceitam, pelo simples comodismo do menor esforço.
 
Exemplifiquemos: até há alguns anos,quem se dirigisse a qualquer prédio, poderia nele  ingressar tranquilamente. Hoje, nos edifícios das grandes cidades, são exigidos documentos de identidade, e nos seus elevadores e corredores podem se encontrar câmaras de vídeo, filmando toda a movimentação.
 
À medida que avançam os dias, novos sistemas são instalados, não apenas em prédios, mas em ruas, logradouros, shoppings, hotéis, etc. Podemos estar sendo observados a todo e qualquer momento. É o fim da privacidade.
 
Quando menino, nas salas de aula do meu saudoso Ginásio do Carmo, em S. Paulo, notava na parede, quadro com as palavras “Deus me vê”, que nos alertava para que o nosso procedimento sempre fosse bom. Com o tempo desapareceram tais quadros, naturalmente remetidos para os porões, inclusive da memória.
 
Assim passamos a constatar a partir daí, que ninguém tomaria mais conhecimento das nossas ações e pensamentos, exceto a própria consciência. Entidade psicológica, ínsita em todos, a consciência precisa  ser educada para que o indivíduo procure seguir sempre os seus retos ditames.Mas, nos tempos atuais, em face das barbaridades e  descaminhos,a sociedade está sendo obrigada a criar normas ainda mais protetoras que, infelizmente, podem implicar na devassa da privacidade. Agora não é mais Deus, mas é “a sociedade que nos vê”.
 
Com isso, vai desaparecendo o romantismo, a espontaneidade, pois precisamos nos acautelar, verificando, inclusive, se não estamos sendo alvos de grampos telefônicos... Seria preciso, portanto, que o “Deus me vê”, continuasse a ser lembrado constantemente, ao invés da “sociedade me vê”, expressão que representa diminuição da própria liberdade.
 
Estamos nos afastando de Deus a grandes passos, embora muitos otimistas, encantados com o constante progresso tecnológico, considerem que há exagero em tal afirmação, pois acreditam que há apenas modernização. Materialistas, jamais se lembrarão que a raiz de todos os males se encontra no pecado, que precisa ser relembrado em nossas reflexões e meditações.
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