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Publicado: Sexta-feira, 26 de março de 2010

Fonte de energia cristalina

Fonte de energia cristalina

Arraial D’Ajuda: sinônimo de praia, festa, diversão! Estive lá há alguns meses e descobri que não é bem assim. Existe um lado místico e folclórico que até então eu não sabia. Não sei se por ignorância, por apenas associar o lugar a sol e mar, ou porque é uma imagem não muito “comercial”.

Antes de tudo, sabemos que esse lugar, durante séculos, foi um oásis de sossego e tranquilidade, os nativos viviam em harmonia com a natureza, aproveitando as riquezas minerais, animais, vegetais. É onde passado e presente, lendas e mitos se misturam. Sua história se liga ao nascimento do Brasil. Por lá passaram figuras que entraram no panteão da história brasileira.

Sua fundação está ligada com a chegada da imagem de Nossa Sra. da Ajuda, trazida em 1649 pelos jesuítas portugueses, que chegarem em três naus: Salvador, Conceição e Ajuda, que posteriormente viriam a ser nomes de cidades. Sobre as origens do santuário, chamado Arraial D’Ajuda, em 1722, Frei Agostinho anotou:

“Essa ermida começou de paus, ramos, coberta de folhas de palma, como são feitas muitas casas na América, e logo o padre Nóbrega colocou no altar a imagem da santa a realizar infinitos milagres e maravilhas que ainda hoje continuam.”

A construção da ermida começou provavelmente nos primeiros meses de 1550, mas a definitiva, de pedra e cal, foi executada em 1772.

Atrás da igreja existe uma fonte de água pura, considerada pelos nativos e romeiros como água milagrosa. Há uma lenda que diz que “todo aquele que toma banho nas águas da santa acaba voltando para Arraial”, eu tomei, vários!!!! Incluam a fonte no seu roteiro, por favor!!! Pode parecer um lugar um pouco “estranho”, mas é bárbaro!!!

Em Arraial existia a tradição de romarias, a pé ou a cavalo, onde famílias inteiras vinham prestar suas homenagens à santa. Ainda hoje é uma grande festa no mês de agosto, onde a vila se enche de romeiros e crentes, agradecendo os milagres da santa.

O que me chamou a atenção para me envolver mais na história da vila, foi a beleza da imagem da santa. Não estou com isto pregando nenhuma religião, tema de grandes estudos, mas a figura dela confesso que me impressionou.

Posso dizer que existe vida para além da diversão sazonal em Arraial. Compartilhei de momentos com os moradores da vila que, para mim, foram sem igual: festas religiosas tradicionais, como Iemanjá e São Brás, mistura de cultura, uma união de crenças, de verdades, de agradecimentos, banhado a muita alegria, que é inerente a esse povo. Conversas em bares, confissões pessoais de gente como a gente, com a mesmas angústias, dúvidas, questionamentos. De conversas com nativos e moradores, que optaram por uma vida “diferente” tirei inúmeras lições, e aprendi imensas coisas… Foi um período de oficina, que eu penso ter sido válido por toda liberdade que se usufrui, ainda, de um lugar “turístico”.
Evidente que as badalações comercias existem e no verão não são poucas, são ótimas, se bem escolhidas.

No entanto, o intuito de escrever sobre esse ponto no sul da Bahia, foi mostrar que devemos tentar nos envolver no dia-a-dia dos moradores dos lugares que visitamos, porque podemos ter surpresas que ficarão para sempre na nossa memória.

A “energia de um lugar” realmente existe, e foi lá que a encontrei nas inúmeras vezes que visitei.

Se envolvam com as pessoas, com as histórias, com o que está por trás de um mero “lugar turístico”… Garanto que vale a pena!!!!!
 

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