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Publicado: Terça-feira, 21 de setembro de 2004

Garimpador de Raízes

Na semana passada eu falei sobre os “Jardineiros da Vida” que conheci em Itu. Então, nesta semana entrevistei um deles, Mylton Ottoni, que tem sido responsável pelo resgate da cultura popular da região, pela reedição de obras esquecidas e pela publicação de biografias de personagens ilustres da nossa história.

Nas obras já editadas pela Editora Ottoni, figuram Madre Teodora e Padre Bento (escrito pelo atual Secretário Municipal de Cultura Roberto Machado Carvalho), o compositor Elias Lobo (escrito pelo Maestro Luis Roberto de Francisco), Cesário Motta (escrito por Erasmo Chaves) e Prudente de Moraes, em uma obra de grande valor para pesquisa, trazendo mensagens e discursos do presidente, coletados por Jonas Soares de Souza e Raquel Glezer.

Além do segmento biográfico, um importante trabalho de raiz foi resgatado. Trata-se das obras de Cornélio Pires, um ícone do caipirismo, da região de Tietê. Mylton nos conta que passou quatro anos procurando os donos dos direitos autorais do autor, no intuito de reeditar suas obras, que estavam paralisadas desde a década de 50 e, portanto semi-esquecidas. Este trabalho rendeu frutos e hoje Itu pode se orgulhar por ter uma editora “da casa” que tem um vasto acervo de livros editados: “Conversa ao Pé do Fogo”, “Quem Conta um Conto”, “Pataquadas” e os recém-lançados “As estrambóticas Aventuras de Joaquim Bentinho” e “Sambas e Cateretês” (o primeiro livro no resgate da música de raiz paulista, cuja primeira edição data de 1920). Além desses, mais dois lançamentos de Cornélio estão saindo do forno: “Meu Samburá” e “Chorando e Rindo”, que conta sobre a revolução de 32 sob a ótica de um humorista.

Mas os livros sobre Itu não param por aí. A coleção “A Cidade de Ytu”, também resgatada pela editora, teve sua primeira edição esgotada em pouco tempo. Escrita pelo historiador ituano Francisco Nardy Filho, constitui-se de 6 volumes que retratam nossa história com uma riqueza de detalhes impressionante.

E mais: “Itu: História para Jovens Leitores”, de Maria de Lourdes F. Sioli (Diretora de Cultura da Prótur), para levar aos jovens e crianças o gosto pela história de sua cidade; “História do Hino Oficial de Itu”, do Prof. Dr. Benedito Amauri Christofoletti, que conta a história e os fatos relacionados com a elaboração do Hino Oficial de Itu”; “Itu e suas Festas Populares”, de Kilza Setti, que relata, pelo olhar da antropóloga, as manifestações culturais de Itu.

E temos em vista, entre muitas novidades, a reedição do romance histórico “O Paulista”, editado a primeira vez em 1895 em Itu, pelo ituano Austo Rasec.Achei importante retratar esse lado da cidade, mostrando como temos preciosidades e relíquias a serem ainda descobertas. O trabalho do Mylton Ottoni na linha editorial resgata e organiza parte dessa história, muitas vezes esquecida, trazendo à tona novidades, obras e pessoas sumidas no tempo, à luz de um novo significado. Afinal, a história começou não se sabe quando, mas certamente ela nunca terminará enquanto existirem pessoas que se ocupam em mantê-la viva no coração e na mente do ser humano.
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