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Publicado: Quinta-feira, 20 de março de 2008

Gratidão...

“Que Deus me ajude!”. Uma expressão comum, está na boca do povo. Isso é muito bom, sinal de sua presença em nossa vida e que podemos contar com Ele a toda hora, em todas as situações. Sabemos pedir e pedimos muito; aprendemos isso desde pequenos.
No entanto, expressões sinceras, como “Graças a Deus”, “muito obrigado”, “com licença”, “por favor...” não são tão comuns como deveriam. Relaxo, esquecimento, cultura, falta de educação, o fato é que isso reflete muito do nosso egoísmo, ou seja, achamos que tudo gira em torno nós e esquecemo-nos de voltar a nossa atenção aos que nos cercam.
Ninguém nasce pronto!
Ao lado da genética herdada de nossos pais, um grande número de fatores e pessoas são responsáveis pelo que temos e somos. Trabalho, luta, oração, sofrimento certamente compõem nosso passado.
Voltemos um pouco no tempo e pensemos: quantas são as pessoas que, de uma forma ou de outra, ajudaram a construir o ser humano que hoje somos? Cheios de qualidades, dons, talentos e defeitos, evidentemente. Mas somos nós, indivíduos únicos, diferentes e que valemos por isso. Se hoje temos a nossa vida, a nossa dignidade, a nossa identidade, é porque conseguimos aproveitar muito daquilo que essas pessoas nos propiciaram.
Vivemos em meio a tantos sentimentos e acontecimentos que envolvem a nossa vida, são tantas as coisas boas e ser agradecido é um dom precioso que não podemos desprezar; agradecer sempre: a Deus pelo dom da vida; aos pais por nos terem colocado neste mundo; aos filhos, primaveras em nossa vida; aos amigos que nos ajudam sem cobrar nada por isso; ao trabalho que nos sustenta; às orações, anônimas ou não; à fé que nos mantém sintonizados com Cristo e sua Igreja; à nossa saúde, ao cônjuge...
Precisamos lembrar-nos de agradecer e de retribuir nas tantas oportunidades que o dia-a-dia nos apresenta; afinal, como toda virtude, a humildade e a gratidão precisam ser alimentadas, exercitadas, cultivadas.
A propósito, a historinha abaixo, de autoria desconhecida, ilustra essas idéias:
Uma família de férias, num acampamento isolado. Prontos para a volta, quando o carro não dá partida. “Deve ser bateria arriada”, arrisca a mulher. E agora? O jeito era caminhar até a vila mais próxima procurar ajuda. Foi o que o marido fez. Apesar de domingo, com quase tudo fechado, valeu-se de um telefone público e de uma velha lista. Ligou para um auto-socorro a 30 Km dali. - Não tem problema, disse a pessoa do outro lado da linha, normalmente estou fechado aos domingos, mas posso chegar aí em mais ou menos meia hora.
De fato, no tempo previsto, chegou o Zé em seu caminhão-guincho. Lá foram rumo ao acampamento. Ao chegar lá o espanto foi geral: o Zé era paraplégico! Locomovia-se com ajuda de muletas. Era só a bateria. Uma carga resolveu.
- Quanto lhe devo?, perguntou o marido.
- Oh! nada, respondeu o Zé com cara de satisfeito.
Diante do espanto e da insistência do marido, o Zé explicou:
- Há muitos anos atrás, alguém me ajudou a sair de uma situação muito pior, quando perdi as minhas pernas, e o sujeito que me socorreu, simplesmente me disse: "Quando tiver uma oportunidade, passe isso adiante". Eis minha chance.... Você não me deve nada! Apenas lembre-se: Quando tiver uma oportunidade semelhante, faça o mesmo...
*    *    *
Bela lição de vida. Como vemos, a gratidão anda de braços com a humildade; elas são fundamentais na nossa vida, nos nossos relacionamentos. Aliás, a humildade é mãe de tantas outras virtudes; espanta nosso egoísmo, nosso egocentrismo, nossa auto-suficiência, que nos fazem achar que somos o centro de tudo e que as coisas dependem exclusivamente de nós.
“Pedir um favor”, “agradecer um favor”, são regras de boa etiqueta, de boa educação, mas, acima de tudo, característica daquele que tem maturidade emocional para saber o valor da vida dos outros e da sua própria vida, como bem lembra Pe. Reginaldo Carreira, em um de seus artigos. Ainda, segundo ele, “Ser agradecido é sabedoria daquele que entende que ninguém tem a obrigação de nos ajudar.”
Finalizando: “Cada um de nós tem um mundo a colocar em sua gratidão. Todo dia acontecem coisas (não só conosco) dignas disso, se nossos olhos são de ver com amor; se não foram corrompidos por nossos erros e ainda justificam esta palavra: Obrigado, Senhor.” (Waldemar Valle Martins)
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