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Publicado: Terça-feira, 14 de junho de 2005

História Viva em Itu

História Viva. Uma idéia, um projeto, uma realidade que fará história.
Este final de semana eu tive o privilégio de participar de um projeto cultural único: História Viva, uma proposta do professor Valderez Antonio da Silva, historiador e pesquisador, que mistura diversas artes através do tempo e do espaço, vivificando feitos, pensamentos e emoções dos povos que marcaram a nossa cultura.
História Viva não relata o passado apenas. Ela nos convida a entrar na dimensão de um tempo infinito, que se traduz na vida dos personagens da nossa história.
A viagem começou em Santana de Parnaíba, passando por Pirapora do Bom Jesus, Cabreúva, Itu, Salto e finalizando em Porto Feliz. Eu poderia escrever um livro, de tantos séculos que eu vivi durante esses dois dias. Mas vou me ater a Itu, pela proposta desta coluna.
É incrível, Itu realmente é uma cidade de sorte. O tempo todo, durante o roteiro, eu ficava pensando: "Tanta gente precisa viajar horas e horas, pegar avião, cruzar fronteiras e a gente tem uma coisa com tamanha qualidade aqui em casa. É uma sorte mesmo!"
Em Itu, durante o programa, revisitei lugares que são familiares para mim: Fazenda do Chocolate, Museu da Energia, Museu Republicano, Cruzeiro de São Francisco, Igreja do Bom Jesus e Igreja N. S. da Candelária. Mas apesar de já conhecer todos esses locais, é como se tivesse sido a primeira vez. A História Viva deu vida às ruas, salões e praças, e eu pude sentir a grandeza dessa cidade de uma forma completamente nova, como se nunca a tivesse visitado antes. Isso porque a história me "inundou", sendo contada e vivida pelos atores que fizeram diversos personagens de épocas distintas, nos cenários incríveis que Itu oferece.
Você já imaginou o que é participar de uma Convenção Republicana? Ou ouvir D. Pedro contar de sua viagem a Itu, ao som de uma música maravilhosa dentro do salão do Museu da Energia? E que tal ser convidado para entrar em uma típica casa caipira para comer quitutes de fubá, cantar "Luar do Sertão" e tomar um cafezinho recém feito no fogão a lenha? E tem mais: sentar no banco da Praça D. Pedro e participar das histórias da Sinhá, ouvindo os sonhos dos comerciantes da época e a presença marcante dos padres.
É, foi uma viagem e tanto. E olha só: uma viagem dentro da minha própria casa. Eu não precisei pegar avião, ficar 8 horas na estrada, entrar em um navio ou trem para chegar ao destino escolhido. Estava tudo aqui mesmo.
Fiquei pensando: quantas vezes a melhor coisa desse mundo encontra-se debaixo do nosso nariz e nós nem ao menos notamos. Temos o estranho vício de achar que o maravilhoso está fora de nós ou então que está muito, muito longe.
Pude comprovar esse pensamento ao notar o comportamento dos "estrangeiros" de outras cidades que estavam participando do programa comigo, em estado de encantamento ao visitar nossas preciosidades.
Itu tem tudo isso. É uma cidade que respira história em suas ruas e nos tantos "causos" de coragem, determinação e força, mas também de ganância, luta e poder.
As respostas para tantas dúvidas que temos ainda hoje estão aqui mesmo, nas nossas tradições e hábitos seculares. Muitas vezes a história que passa se repete, mudando apenas de embalagem, implorando sabedoria para transformá-la. Acho que nós, do PróTur, temos uma vaga noção a esse respeito, mas um forte sentimento de reconstrução e transformação. De qualquer forma, uma experiência como essa que vivi - e que você também pode (e deve) viver, é como um chamado para resgatar, a partir das histórias do mundo, a nossa própria história. E é em Itu que tudo pode acontecer.

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