Imagens de uma revolução
As marcas dos combates
(Coleção Mons. Jamil Abibe) |
Arthur Bernardes, eleito sob acusações de fraude eleitoral, mobilizou as antipatias das forças armadas que tinham favorecido a candidatura do marechal Hermes da Fonseca à presidência da República. Em São Paulo, os militares descontentes deslancharam uma revolta, com vários centros de concentração e depósitos de armas e munições espalhados pela cidade. Militares de alto escalão e oficiais da Força Pública lideraram a revolta, com o apoio de setores civis. No dia 5 de julho os revoltosos comandados pelo general Isidoro Dias Lopes, o major Miguel Costa e o tenente João Cabanas, ocuparam os quartéis da Avenida Tiradentes, a Estação da Luz e a Sorocabana, cortando ligações ferroviárias e telegráficas. Os civis formaram batalhões de voluntários em adesão ao movimento sedicioso.
A revolta repercutiu na Capital Federal e nas guarnições militares de diversos Estados. O presidente Bernardes mandou bombardear a capital paulista com artilharia pesada, numa clara vingança contra seus habitantes a quem caberia a obrigação de rechaçar os revolucionários, no entender os dos defensores da legalidade. Tropas legalistas foram distribuídas em locais estratégicos, a torre do Liceu Coração de Jesus foi tomada e trincheiras foram abertas com canhões e metralhadoras nas proximidades do Palácio dos Campos Elíseos, Pátio do Colégio,
(Coleção Mons. Jamil Abibe)
Várzea do Carmo, Largo do Paissandu e Praça Antônio Prado. Combates sangrentos provocaram incêndios, destruição e morte nas ruas da capital. Os legalistas bombardearam todo o centro e vários bairros. Mais de 300 mil pessoas abandonaram a cidade. O presidente Bernardes exigiu a rendição dos rebeldes, caso contrário, arrasaria a cidade. Ao mesmo tempo, enviou 14 mil soldados e centenas de canhões e tanques. A resistência perdeu fôlego. No dia 29 a Capital foi ocupada por tropas do governo.
O saldo de 24 dias da revolta: mais de 600 mil mortos e uns cinco mil feridos; paredes esburacadas pelos petardos; casas, ruas, praças e fábricas em ruínas; e um caminhão de estórias e lendas. "Cabanas, o comandante invicto. Envolto numa capa negra, presente de Satanás, ficava invulnerável e nenhuma bala varava seu corpo. Montado no cavalo branco enviado por São Jorge, não havia cerco que o detivesse. Respeitado e temido, João Cabanas tornou-se figura lendária pela ousadia com que tomou pontos estratégicos da capital paulistana durante a Revolução de 1924. Sua ação à frente dos rebeldes incendiou a imaginação popular". O relato de João Cabanas foi publicado em 1926, no rescaldo da repressão aos revolucionários, sem indicação de editora.
(Coleção Mons. Jamil Abibe)
Quando os canhões começaram a atirar, simultaneamente um batalhão de fotógrafos disparou suas objetivas. O saldo desses disparos: um conjunto incrível de fotografias e cartões postais, como a série sobre a Revolução de 1924 produzida por Gustavo Prugner. Prugner festejou o seu aniversário naquele ano clicando o a movimentação dos soldados e os estragos dos tiros de canhão. Nascido em São Bernardo do Campo no dia 5 de julho de 1884, Prugner faleceu em São Paulo em 4 de dezembro de 1931.
Começou a trabalhar como fotógrafo aos 12 anos e depois freqüentou cursos no Foto-Cine Clube Bandeirante. De acordo com o depoimento do seu filho, no início do século, quando era estudante da Escola Alemã, "ele teve como colega o Conrado Wessel cujo pai tinha uma loja de artigos fotográficos na Rua Direita. Na época, numa promoção, recebeu uma câmera 13 x 18 cm e iniciou seu aprendizado como fotógrafo e laboratorista. Somente em 1924, devido ao sucesso obtido fotografando a Revolução de Julho, passou a dedicar-se unicamente à produção de cartões-postais".
(Coleção Mons. Jamil Abibe)
Para lembrar os 80 anos da Revolu&ccedi